Viviam felizes, o Sapo, Lula Lelé e Bicudo, o trio bagunceiro da escola. O sapo gostava de dar susto nos coleguinhas, escondendo-se atrás das portas e pulando no pescoço do primeiro que passasse pela porta da sala. Lula Lelé sempre arrumava um jeito para colocar um dos pés na frente das franguinhas para levarem um tombo; Bicudo gostava de jogar bolinha de papel na cabeça da tia Cotia do primeiro turno e no segundo, na Abelhinha, a tia que trabalhava na biblioteca. Bicudo ria de tremer o bico, desta maneira dava para ver os primeiros dentes de leite do filho caçula de Vavá.O mais levado deles, o que sempre levava advertências da Tia Mutuca e cascudos da mãe, durante a semana.
O Sapo sempre matava aula, quando a professora fazia a chamada, uma rã imitando a voz do Sapo, dava a presença para ele. Presente, fessora! Disfarçava a rã, que era na verdade a sua primeira namorada. Fazia tudo por ele.
Quando acontecia isto, a professora sabia que Sapo havia pulado a cerca e estaria jogando bola, vestido com a camisa listrada em preto e branco. Morria de amores pelo gavião, chegava a ser fiel. Ele organizava o time, dono da bola e atacante caneleiro, um dos artilheiros do campeonato ao lado do Animal, o artilheiro da Colina. Sapo jogava muita bola, era o jogador que qualquer time gostaria de ter no elenco. Sua presença em campo chamava a atenção de olheiros e dos técnicos adversários, inclusive pela voz rouca em que dizia: “Um por todos, todos por um”.
Dali do florido campinho do Jardim, deu um salto para os campos de várzea. Ganhou fama e estátua em homenagem prestada pelo Sapo Gordo. Batia um bolão Só esteve uma vez no banco de reservas, quando o técnico Leão, para impor disciplina no elenco, devido a grande agitação liderada pelo Sapo e seus cupinchas que reclamavam dos salários
Leão Marinho velho escriba que naquela época era correspondente
Lula Lelé na verdade, gostava mais de ler do que o Sapo, que apenas juntava álbuns e figurinhas para jogar bafo-bafo. Na hora do recreio, que hora bem feliz, o mais velho da turma gostava de jogar amarelinha. Quando não via o inspetor, ou quando este estava cochilando, aproveitava para junto com Bicudo, pichar paredes e muros.
O tempo foi passando, décadas e o namoro com a Perereca começou a ficar sério demais, que houve até casamento. Uma festa de arromba realizada assim, que o Sapo tomou posse no Sindicato dos Trabalhadores, como presidente da entidade. Anos depois, eleito presidente da comunidade. Rato Malhado, duas horas da tarde, a partir de hoje estarei junto ao Polvo, a Lula Lelé, Ostras e Baleias. Um insistente tucano de bico grande e torto de tanto usar cachimbo, sobrevoava no céu em altos vôos em direção à rampa, era seguido por urubus, gaviões de penacho, mutucas iradas. Uma marcha de pingüins seguia pela avenida principal da Comunidade do Rato Malhado levando cartazes em apoio ao Sapo.
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