terça-feira, 4 de setembro de 2007

Apresentação

Olá!

Há muito tempo que venho amadurecendo a idéia de criar um novo espaço de comunicação, superada a dúvida inicial, acabei hoje de dar corpo e alma ao blog Esquinas do Tempo. Verdade, que hesitei bastante, se não tenho dado conta do antigo, como poderia assumir a confecção de um novo espaço. Pretendo aqui, deixar textos escritos ou reescritos. Alguma coisa que entendo como uma literatura destinada ao meu blog, sem muito compromisso, apenas trabalhando em sua forma de rascunho, sem um público definido ou em busca de um público. Seria um exercício, uma experiência em lidar com novas formas de linguagem. Eu aqui, diante de um "espelho", com intuito de refletir, escrever ou dizer coisas que venha da "telha". Ainda, deixo claro, que lido com certa dificuldade em escrever, uma atitude solitária, é verdade, mas não me habituei. Muitas vezes dá um branco, um lapso, um vazio, que eu gostaria que fosse preenchido. Levanto, tomo água ou café, saio, volto e às vezes, para continuar tudo em brancas nuvens.

O motivador maior de meu blog, na verdade foi o outro neto, o segundo, de nome Ricardo. Como o primeiro blog foi estimulado pelo nascimento do meu primeiro neto Ramom, fiquei assim em débito com o segundo, que pouco mencionei em meus escritos. Hoje os dois transformaram referência para o meu cotidiano. As coisas do meu dia a dia, sempre passam pelos cuidados com eles. Os dias da semana que ficam conosco (Eu, Marilene e Adélia, mãe de Marilene) servem de preenchimento com satisfação e alegria da convivência desde das primeiras horas do dia. Somos de alguma forma coadjuvantes deste momento em que eles passam a protagonizar as cenas. A rotina naturalmente é quebrada, ou melhor, alterada. Mas vale a pena, ter netos é viver um momento de encantamento e surpresas.

Achei o texto que postei em minha gaveta, ali em silêncio, pedindo par vir a luz, o resultado depois da prévia leitura, resolvi publicar. A sorte está lançada!

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Estou a ponto de fazer uma loucura, disse em voz alta e irritada ao telefone, Maria para sua mãe. Em seguida desligou com um gesto brusco o telefone, batendo com violência. Continuou desta vez, falando sozinha, para as paredes como gostava de dizer. Olhou para o relógio, ao avistar a hora ficou mais irritada; também percebeu Júlia em seu quarto de dormir, pelo barulho que fazia a mãe na sala. Que saco! Reclamou Júlia. Nem foi ouvida.

Júlia levantou, abriu uma das janelas, o sol de Copacabana acabava de invadir o seu quarto. Em outro quarto, Marcelo não se dava conta do que ocorria a sua volta, continuava a dormir um sono solto. Nada o incomodava, tinha chegado tarde e deixado um aviso pendurado na porta da geladeira, com letras garrafais, que estavam proibidas de acordá-lo antes das 10 horas. Maria costumava ignorar estes avisos quando tinha necessidade de falar com o filho. Era um dos poucos horários em que havia um encontro, embora, não fosse o ideal, ele dormindo, ela acordada. Sacudidelas em Marcelo e a voz alta era a senha para que ele levantasse e escutasse o que a mãe queria.

Júlia caminhou se arrastando do quarto para a cozinha. Esquentou o leite e ficou também irritada ao notar que a mãe não tinha feito o café. Queria pão com mortadela. Viu que estava em falta, nem pão, nem mortadela. Resmungou em seguida, para apanhar o pacote de biscoito salgado no armário. Ninguém faz nada nesta casa, o recado, o único, era para quem ouvisse. Ouvir música era o que mais gostava.

O telefone toca, Júlia corre para atender, era a avó querendo falar com a mãe. Recomeçam com a conversa anterior.

- Mãe sabe que horas são? Pois é, Gérson ainda não chegou.

- Calma minha filha.

- Há muito tempo que ele está assim Tenho reclamado. Juras e promessas de mudanças são encenadas.

- Ele continua reclamando de mim de que estou gorda. Disse e repetiu. São coisas que machucam, me deixam pra baixo. Que eu casei e relaxei.

- Não adianta reclamar, a grana é curta e não me dá direito ao luxo, de freqüentar uma academia de ginástica e ter outros gastos para ter um corpo sarado. Mãe está ouvindo? - - Não tenho saco de ficar malhando, ele não entende e nem você. Vou deixando a vida me levar.

A caminhada que eu dava era em shopping, odeio caminhada pela orla, desde a última em que eu pedalava uma bicicleta novinha, comprada no crediário, em suaves prestações. Veio um pivete e me tomou. Assustada, deixei a bicicleta, quando olhei para trás, lá ia o moleque disparado.

- Desliga o som, Júlia! Tornou a repetir, desta vez aos gritos.

O barulho da porta se fez ouvir. – Mãe, ele está chegando, beijos.

Deu alguns passos e caminhou em direção à Maria, para dar um beijo em sua face. Maria desviou. Ficou alterada com a sua presença aquela hora, sem nenhum comunicado, nenhum telefonema. Tá pensando o quê? Precisamos conversar. Trancou à porta do quarto.

O resto transformou em silencio, mas em seguida berros foram ouvidos.

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