quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O Dono da Camisa 11 é o Vasco


A obsessiva, cega e submissa adoração do maior dirigente de todos os tempos, o que mais entende de Vasco do que qualquer reles mortal, pelo jogador da camisa 11, o rubro-negro Romário que chega a subtrair do time do Vasco a camisa que pertence ao clube, que compõe o elenco em sua ordem numérica. Chega ao ponto de expor o nosso clube ao ridiculo, no afã de agradar o jogador artilheiro, atropela a nossa história para tecer loas e produzir homenagens a um jogador que não está nem aí para o clube. Desta relação de "amizade" o dirigente saiu perdedor, seu projeto foi abortado. Romário está se lixando para o último jogo, caso contrário teria revisto sua postura e voltado. Aqui quero parabenizar o Romário, traiu o "amigo" dirigente, que apenas lamentou, não sem antes de mostrar ao mundo a sua cara de paspalho nesta vibrante historinha. Num ato típico de quem se acha e acredita ser dono do clube, manda e desmanda, para ele não há limites, insiste no propósito de imortalizar a camisa e manter erguida a estátua do rubro-negro na Colina histórica, o que não deixa de ser uma nódoa. Só no Vasco do dirigente que só enxerga ele e o jogador, é que presta homenagem a um jogador-torcedor de um clube rival. Romário deu grande contribuição ao clube, não resta dúvida, é um cracaço, também acho. O dirigente pode mostrar afeição por quem ele quiser, pode cultuar a imagem deste amor idolatrado como achar que deve, mas sem os exageros de imortalizar a camisa 11 ou erigir uma estátua. O clube é um espaço para os vascaínos.
Qualquer insubordinação intelectual de algum torcedor ou membro da diretoria, fazendo declarações divergentes, está sujeito a ser defenestrado do clube, passa a condição de "persona non grata". A postura egocêntrica, com tinturas de um déspota, que repele torcedores, assim como a mídia, tudo incomoda o dirigente, que ignora as regras de convivência. Seu exericicio autoritário no poder e sua conduta elitista, não permite qualquer questionamento. Seu discurso centralizador em entrevistas está sempre revestido com um mau humor crônico, além do alto teor belicoso, atirando petardos para qualquer lado, de preferência nos vascaínos, nos verdadeiros torcedores vascaínos, dos que lutam por melhores dias em São Januário... A urucubaca que toma conta da Colina, nos impede de voltar a sorrir e a cantar as nossas vitórias, mesmo que haja "previsões" para vencedor em campeonatos futuros como apregoa o dirigente incorporado a sua condição de pitonisa. Como vivemos do presente...
não sei não. Com aquiescência de um grupelho afinado com o modo de administrar o clube, a cada dia imprime tudo enfaixado sob as suas certezas e verdades, deste modo vai fazendo o que lhe dá na telha. Exarceba em seu egocentrismo, que sem olhar para o próprio umbigo, emite juizo sobre o dirigente do Botafogo. O mais risível, nas situações em que se vê derrotado, ele arranja um jeito de estar por cima. Lança desafios, faz e acontece. Como confia na justiça, na morosidade das decisões deste poder, nos recursos em que pode apelar e usar em seu beneficio, esta engrenagem emperrada só lhe favorece. Tudo o que dirigente faz assume um caráter de continuidade, de garantia de seus direitos, de prosseguir na gestão do clube e de preparar o herdeiro politico para assumir o comando do clube em um futuro não muito longínquo. Se faz isto, é porque tem respaldo do grupelho que o sustenta e despreza a opinião do torcedor, para eles, não tem a menor valia. Basta alimentar o grupo de manobra, muitas vezes travestidos como uma tropa de choque para manter à distância torcedores vascaínos que ousam manifestar opiniões contrárias ao discurso autoritário que toma conta do clube da Colina.
No meu modo de entender o clube está montado para manter a estrutura de poder na Colina, arcaica e conservadora que serve de resitência a participação na entrada de "estrangeiros", como Roberto Dinamite, aliás, o tenho como fã e ídolo. Como candidato a presidência pela oposição, acho que será um eterno candidato. Não soube nem aproveitar quando vivenciou uma crise com o dirigente. Saiu cabisbaixo, como se pedisse desculpa pelo transtorno causado. Roberto não demonstra uma ruptura com o dirigente, acho que prefere salvaguardar a imagem de mito, de grande jogador vascaíno, para todos os vascaínos. Parece um líder, uma oposição consentida que cumpre o seu script politico, em que tem de dar satisfações ao torcedor e ao eleitorado que acredita em suas propostas como de oposição. Temos de entender que o clube é tradicionalmente vinculado à colônia portuguesa, daí um reagrupamento permanente em defesa do dirigente na continuidade de sua administração. Hoje, não é simplesmente tirar o dirigente e mandar para às cucuias, urge fazer uma varredura, uma limpeza do entulho autoritário que está incrustado em nosso clube. Não pensem os vascaínos que será fácil, a justiça abre brechas, tudo que estiver disponível ao alcance do dirigente, ele saberá usar e vai mobilizar um aparato jurídico para lhe prestar "solidariedade". Um amigo meu disse rindo para mim, que vai ser difícil o Abominável Homem da Colina largar o osso.
O resultado de anos de clube do astuto dirigente que soube fazer do Vasco a sua cara, não será fácil de remover. Ali, está o corpo e a alma do dirigente.
A camisa 11 há poucos dias foi motivo de agradecimento ao Romário pelo jogador Diego Tardelli, jogador rubro-negro: "Sua camisa 11 me deu sorte", que por acaso, estava em uma mesma churrascaria em que encontrou com Diego Tardelli, este foi comemorar a conquista do campeonato. A vitória foi extensiva ao rubro-negro Romário. ele através da 11 participou do jogo e o vice de novo foi o dirigente.
A camisa 11 e a estátua que representa o continuísmo, os grandes aliados simbólicos do dirigente, foram deixados de lado pelo grande jogador que derramou lágrimas na ocasião em que foi homenageado. "Foi o clube que comecei a minha carreira e onde vou encerrar minha carreira". Claro que ainda dá tempo, está sob efeito de contrato que vigora até o final do mês de março, pode por compromisso do "filho" ingrato para com o seu "pai", fazer a sua vontade e terminar a carreira no clube. Mas o mais interessante, seria o gol que Romário poderia fazer para a torcida é pedir ao dirigente que caia na real e devolva a camisa 11 para o clube, ela pertence aos Vascaínos, neste caso com sã consciência, você não tem direito, cabe a quem corre nas veias o sangue cruzmaltino, como por exemplo: o craque e artilheiro Roberto Dinamite, ele sim, merecedor de uma estátua.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O Sapo, o amigo do Polvo.

O Sapo deu um salto bem rápido da cama, assim que escutou um estranho barulho do lado de fora do Palacete. Era um burburinho, de idas e vindas constantes do outro lado da rua. Com pressa não ligou para a lagartixa que costumava fazer carinho nas horas de aflição, de tensão, deu apenas uma olhadela de soslaio no rabo da dita cuja, mas foi em frente. Não poderia parar, tinha de matar a curiosidade. Ainda era de madrugada, nem o galo branco do vizinho, nem a vizinha com voz de matraca tinham acordado para começar a perturbar seus ouvidos. Abriu uma das janelas, ouviu um chirriar de um casal de grilos namorando agarradinho, não deu importância, não ficou grilado com aquela cena de casal apaixonado. O que andava colocando minhocas em sua cachola era o movimento do outro lado da rua, o estranho som que ainda ouvia. Não era de festa, esta certeza ele tinha. De seu imenso quarto, bem devagar, caminhou até aos aposentos em que colocava todas as quinquilharias, bugigangas e tralhas recebidas dos turistas e políticos que visitavam o Palacete em busca de uma boquinha e outras facilidades. Ao procurar jogou uma por uma no chão, irritado com a bagunça deixada pelos filhotes, até encontrar no fundo do baú, um par de binóculos que ganhou de Bacuri , um antigo cabo eleitoral dos tempos em que sonhava em ser apenas presidente do sindicato da categoria, lá pelas bandas do ABCD. Nem gostava de lembrar destes momentos pois, vivia num miserê danado, pedia fiado na vendinha do compadre Parangolé, em que mandava pendurar na conta, para pagar só Deus sabe quando. Vivivia para cima e para baixo em companhia do Polvo, panfletando nas portas das fábricas. Foi-se o tempo em que era amigo do Polvo, era solidário a ele, mas de uns tempos para cá, ficou muito distante do companheiro e se bobear nem conhece mais. Uma conhecida dos dois, desde dos tempos em que foi eleita Miss Operária, a Abelha Zazá, abelhuda como era, reparou que um dia destes, um tremendo sol, um sol forte, vinha o Sapo alegremente assobiando, quando na mesma direção, cambaleando, por ter exagerado no goró, o velho camarada Polvo passou pelo grande líder, abriu os braços com a intenção de abraçar o velho companheiro de batalha, eis que o Sapo fingiu que não viu, olhava insistentemente para o alto, para aviões e urubus. E seguiu o seu caminho segundo Zazá, em direção à rampa.
Os binóculos estavam bastante empoeirados, limpou as lentes com a ponta da camiseta que vestia e pendurou no pescoço. A limpeza ficava sempre aos cuidados da Perereca que dispunha de uma penca de serviçais para todo tipo de serviço doméstico, mas naquele mês, todos entraram de férias coletivas. O jumento que ficou de plantão, pediu dispensa no dia de hoje para visitar a tia que estava acamada e vivia só em um barracão de zinco no alto do Morro do Pinto. Logo hoje e não há nenhum serviçal disponível, reclamou. Deste jeito não posso chamar isto aqui de paraíso, tanto que lutei contra moinhos e ninhos de tucano, contra raposas felpudas e amigos ursos, com cobras e lagartos. Foi para ter vida boa, sombra e água fresca. Agora me aparece um estranho barulho, um agito, tudo para me deixar encucado, de cabelos em pé, de saco cheio.
Como a Perereca dormia a sono solto, que o Sapo desistiu de acordar a companheira, deu a volta por cima e deixou a companheira roncar e sonhar. Quando a Pererequinha estava em sua posição preferida, o Sapo dizia que sonhava com ele. Também não disse em que posição ela ficava.
Olhando por uma fresta, mais para o lado direito, identificou que do outro lado da rua, ficava o Ninho do Urubu e mais a direita o Ninho do Bicudo, pouso obrigatório dos Tucanos. Ali, morava do alto daquela árvore, o perigo. Faltava um quarto de hora para amanhecer, colocou o binóculos e pode à distância enxergar com os olhos que a terra há de comer: dois papagaios, seis periquitinhos verdes. Prostrados em um sofá, lendo jornais, duas raposas, um filhote de urubu, trajando camiseta de um time de futebol, de três a quatro pardais em uma animada roda.
Ao olhar aquela cena, começou a suar frio, a tremer uma das pernas. O desespero tomou conta do Sapo e nestas ocasiões começa a pular, a dar cambalhotas. Só fica mais tranqüilo depois de beijar a Perereca, que assustada com o agito do Sapo, fica ao lado dele. Perereriquinha pegou de imediato o celular e telefonou para o amigo Bode Ludovico. Na primeira tentativa deu ocupado. O Sapo aos gritos mandou chamar Mano Véio, a araponga de confiança do Sapo, deixou uma mensagem dizendo que saiu para fazer uns servicinhos e voltava logo.
A Mula Manca ex-secretária do Partido dos Animais Enjaulados, compareceu logo após um longo sumiço, era acompanhada por Carneiro Manso, antigo líder do bloco da situação. Estavam prontos para combater os inimigos do governo popular e democrático do Sapo. Os inimigos dos Polvos querem derrubar o nosso governo para implantar um regime de Bicudos, de plumagem rica e variada. Cuidado com a imprensa golpista do Cavalo Marinho, alertou a fuinha que acabava de chegar para engrossar a fileira de resitência dentro do Palacete. Aquela turma sempre conspirando, inventando coisas para nos derrubar, disse uma Cabritinha sem berrar. O Polvo não é bobo, continuaremos aqui de novo. Era o que o Sapo queria ouvir, com todos os problemas, o Polvo nas pesquisas estava ao seu lado. Mas afinal de que lado está o Sapo, perguntou uma hiena, logo após soltar longa e gostosa gargalhada.







Joseph Masila - Artista Queniano

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O Dono do Vasco


Antes de começar a escrever, li o lúcido texto do vascaíno Fernando publicado no Supervasco, claro que existem outros comentários do mesmo naipe. Nesta página sempre surgem observações interessantes a respeito do individuo entronizado no clube da Colina. È o vascaíno emitindo suas opiniões, em comentários a respeito do clube pela qual torcem, vibram e sofrem. Uma manifestação democrática, plural que parece incomodar o dirigente, daí segundo a imprensa, querer o dirigente no uso da justiça, cercear o direito de opinião dos torcedores do clube, retirando de circulação os sites e páginas que fazem alusão ao dirigente e ao Vasco, alguns destes com a postura de oposição.

Ontem de volta ao palco, em busca de holofotes com o intuito de eliminar qualquer especulação em torno de possíveis contratações, de reforço de elenco o maior dirigente de todos os tempos, o que mais entende de Vasco, mais uma vez no exercício de sua interinidade, como um sujeito presunçoso que é, passou a proferir para os vascaínos o velho discurso autoritário, arrogante e mofado. Nada de contratações. Dificilmente traz para os torcedores noticias alvissareiras. Sua postura não é de diálogo, sua característica predominante é de blindar o clube e a figura do dirigente, seja em qualquer situação, obviamente nas derrotas, nos insucessos. Quando entrevistado, geralmente sob efeito de monólogo sua versão vem sempre à tona acompanhada pela velha aversão ao torcedor e a mídia em geral.

A sua retórica assume os ares do poder vigente em sua aplicação no cotidiano do clube., o resultado parece ser a convicção de que para afastá-lo, ou desalojar do poder, as possibilidades são remotas. Acredita piamente na justiça, até por sua formação intelectual que o submete a este entendimento. Para ele a justiça tem sido justa, para nós, nem tanto.

Montado em uma análise muito criteriosa, de anos de estrada, com todas as peculiaridades de sua observação a partir do próprio umbigo, antecipou para nós vascaínos, após a realização do “campeonato à parte”, disputa em que o Vasco insiste em perder para o rival. Sempre desprezando indagações a respeito do time, considerando que a única versão é apenas a dele, a mais verdadeira e que não cabe nenhuma ponderação, ou reflexão sobre o desempenho do time, deduziu que o nosso time conquistará o campeonato carioca. Tomara que aconteça, ou acredite quem quiser.. Nós torcedores desejamos que o nosso clube seja vitorioso, que dispute todas as finais e seja vencedor. Que afaste a fase de urucubaca que toma conta dos ares da Colina.

Fazer qualquer comentário a respeito de nosso clube, não se pode perder de vista a proeminente figura do “dono” do clube, que segundo Romário na época de seu afastamento, em entrevista, o identificava como “dono”. Creio não ser um equívoco do craque em nomear o dirigente como “dono”. Figura por demais egocêntrica, dono de um discurso beligerante, de um discurso autorizado em que vê inimigos por toda parte, tratou logo que chegou de dissipar qualquer possibilidade de reforçar o elenco, teceu comentários favoráveis ao Edmundo, tratou com desprezo a saída do preparador físico que pediu demissão .

É o dirigente quem manda e desmanda, não temos dúvidas.. Declarações posteriores do dirigente corroboram com a conduta, de desempenhar até mesmo a condição de técnico. Tudo dentro da normalidade de São Januário. Os resultados do Vasco podem ser creditados ao técnico-dirigente. A crise com Romário aponta nesta direção, que cada vez mais parece resistir à proposta de retorno ao clube, se não acontecer, o grande derrotado, será o dirigente. Pela postura do dirigente, estou achando muito estranho, Romário, falou o que falou, deixa nas entrelinhas que não pretende voltar ao clube, que o Flamengo ofereceu uma proposta mais concreta, é torcedor do Flamengo, no entanto, o dirigente que sabe tudo, fica submisso, aceita de bom grado o que o Romário diz. É incapaz de qualquer reação, ou melhor, parece encarnar a figura paterna idealizada por Romário, realizada ao passar as mãos nos poucos fios de cabelos que restam neste “filho” ingrato.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Os Bordejos do Sapo.

Andava algum tempo sumido e as informações sobre o seu paradeiro, eram as mais desencontradas, ou quando muito iam ao sabor do vento. Só os mais íntimos, desconfiavam onde o Sapo poderia estar. O certo é que ninguém sabe, ninguém viu. Para a companheira Perereca, ainda sonolenta, cochichou ao pé do ouvido esquerdo, de que iria apenas dar uns bordejos pelas cercanias do Palacete e sob efeito de múltiplos disfarces iria escutar a voz rouca dos animais da comunidade. Na verdade queria por que queria saber como ia o seu ibope, se ainda estava prestigiado no coração selvagem dos animais. Tinha de preparar o terreno, visando o seu futuro, em mais um mandato popular, poderia contar pensou com os seus botões com a prestimosa ajuda do amigo Polvo e seus camaradas para afastar algum tucano que pintasse na área com a intenção de disputar as eleições. Um dos tucanos, o Príncipe dos tucanos, diante de uma bola de cristal, anunciou para o mundo, que um deles pode voltar. Desta venceremos de goleada. O Sapo irritado, muito irritado com que ouviu, mandou um recado por e-mail para o tal Príncipe que poderia sem favor algum tirar o cavalinho da chuva e voar em outra freguesia. Agora que cheguei ao paraíso com os cartões de crédito, não há de ser um aventureiro qualquer que vai me tirar daqui, e daqui não saio e ninguém me tira. Se algum pato abrisse o bico, poderia quebrar o galho dele e oferecer um cargo de fiscal da natureza. Esta eleição está no papo.
Em cada esquina que passava, escutava os melhores comentários sobre o seu governo popular e democrático. Apenas um, um único coro de gansos descontentes e nada se via além disso, um grupelho de desordeiros, protestando contra as mamatas do governo, contra o uso abusivo de cartões de crédito. Quando passou por eles, parou por instantes, balançou a pança de tanto rir, eram velhos conhecidos que gostavam de tomar sol no lago, de papo pro ar. Eu que ainda pensava em afogar o ganso, mas como democrata e popular tenho de afugentar estas idéias, o meu governo vai de vento em proa.
As focas desesperadas ficaram concentradas diante do portão principal do Palacete em busca de fofocas para o programa da tarde na televisão, enquanto aguardavam, travavam uma luta na disputa do melhor lugar e da noticia recém saída do forno, quentinha que o porta-voz costumava passar para os amigos e os amigos dos amigos. Queriam saber por onde andava o Sapo.
Geléia era a foca com mais tempo de serviço jornalistico. Estava para se aposentar, cheia de malandragem, conhecedora dos meandros do Palacete, obteve com o seu amigo as informações necessárias. Foram colegas no jornal e namorados na juventude, militantes do movimento secundarista. Ficaram juntos na mesma cela, na ocasião em que foram presos por atividades de protesto e xingamentos no meio da praça principal da comunidade. Um língua de tamanduá deu com a língua nos dentes e entregou os animais organizados. Vários entraram em cana, levaram bordoadas e chicotadas, além das mordidas no calcanhar. Uma imensa nuvem negra ficou instalada na comunidade do Rato Malhado e adjacências, de total escuridão. Os animais sumiam sem deixar rastros.
O Sapo continuava o seu passeio, agora diário, misturando-se as grandes manadas para escutar melhor as diversas opiniões sobre o seu governo. Amanhã estaria de volta as ruas, de novo para ouvir a voz do povo da floresta. Os animais sorriam de gargalhar, todos em festa, mas sem direito ao uso dos cartões.



Imagem. Chéri Samba- Pintor Congolês. Nasceu em 1956 no Baixo Zaire.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

A Perereca vai às compras.

A Perereca estava muito assanhada, uns diziam que ela ficou deslumbrada desde que chegou de mala e cuia ao Palacete, carregada nos braços no dia da posse do companheiro. Um belo dia, lá pelas 2 da tarde, o Sapo acordou muito contente, assobiando sem parar. De pé ante pé, bem devagar sacou da carteira um cartão de crédito. Antes de entregar o presente para a sua amada Perereca, beijou e babou o cartão seguidas vezes, até cansar, como demonstração de felicidade por ter cartão de crédito. De hoje em diante tudo vai ser diferente querida Pererequinha você poderá usar um cartão de crédito sem limites e poderá comprar o que der na telha. Aliás, apenas teria o céu como limite, segundo informações da assessoria de imprensa. Como por força da natureza ela não voava preferia então, gastar tudo na terra, no ar e no mar, ou na beira da lagoa, passeando de pedalinho com os netinhos.
Perereca vai às compras hoje pela manhã foi o aviso, deixado grudado na porta da geladeira pelo Sapo, para o chefe da segurança Der Hund, o Alemão. Um cão camarada e de confiança do Sapo, que se conheceram na porta do sindicato e que discutiam por horas e horas a fio como poderiam chegar ao paraíso; na época Alemão, depois de tantos bicos , arrumou uma bocada como vigia noturno do sindicato, tudo pelo prestigio do Sapo que era alto dirigente sindical.
No aviso escrito por linhas tortas, alertava ao amigo para ficar de orelha em pé, de butuca ligada para aproximação de estranhos querendo olhar para a Perereca, nada de conversa, bota pra correr, pode ser um agente a serviço da imprensa oposicionista Voz da Floresta de propriedade do Leão Marinho.Tome providências! Mande o importuno para as cucuias, para os quintos do inferno, se é que me entende, deste jeito foi finalizado o aviso.

A Perereca estava com a vida que pediu a Deus, pela manhã malhava na melhor academia da comunidade, depois corria em volta da lagoa, com a amiga Capivara. As duas iam direto para a Cachoeira do Pajé, ficavam se esbaldando, nadando de lado, de costas e de frente. Davam saltos, piruetas, mergulhos, até caldo davam uma na outra. De onde estava, em cima da mesa, gritou para o pingüim trazer bebidas, para encher a bandeja com comida.Queria sair dali, empanturrada A capivara de regime preferiu uma comida mais light, apenas capim verde e bebida, muita bebida.O sol estava de lascar, assim, aproveitou e ficou bronzeada, tudo para deixar uma marquinha que o Sapo apreciava , lambia os beiços e ria quando via.
Ficaram até o fim da tarde, quando saíram em disparada rumo ao shopping. Primeira loja que viu e entrou era uma joalheria. Viu, gostou, levou quase a loja toda, comprou jóias raras e finas, balangandãs de prata para distribuir para os amigos de fé, irmãos e camaradas.Na segunda, viu e não entrou, foi na seguinte, experimentou duzentos vestidos, depois pagou à vista no cartão, sem desconto. A Capivara adorou uma sandália três dedos que estava na vitrina, deu de presente as que estavam em estoque, cerca de 20 pares, para a sua velha amiga. Encomendou 365 biquínis para usar durante o ano. Para os filhos das vizinhas da comunidade do Rato Malhado, sua antiga residência, levou os mais modernos que estavam expostos no interior da loja, sem graça perguntou, a gracinha do vendedor, se aceitava cartão. O camaleão que atendia, disse que aceitava. Pagou e mandou entregar na casa da mãe da Joana, uma de suas amigas do tempo em que era operária fabril.
Por volta das 10 horas, em casa, depois de se lavar com sais importados trocou de roupa, vestiu um curto biquíni de bolinhas amarelinhas para mostrar para o Sapo, a famosa marquinha, que leva o Sapo à loucura. De tanto chamar, de se esgoelar, ficou sabendo após ler o bilhete grudado na porta do armário. Perereca querida: "São os ossos do oficio tenho de partir em viagem a terra do homem do charuto, irei passear na ilha, mas não diga que é turismo, arrume uma desculpa esfarrapada; comprarei charutos, caixas e mais caixas de rum e mojito, tudo pago com o nosso cartão" Beijo nesta Perereca que eu adoro.






















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