quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O Polvo na rua. Ficção Animal






Fizeram de tudo para botar o polvo na rua. Dois assessores do Sapo chegaram a empurrar com violência o polvo, pois tiveram muita dificuldade por estar com os oito pés agarrados na janela. Se precisar dê uma mordida no dedo mindinho dele, gritou um gorila, segurança do ministro. Mas com um golpe de sorte, o polvo acabou facilitando sua saída para o meio da rua. Seu gesto foi aplaudido por Lula Lelé, ministro do governo popular do Sapo, que era um dos que do lado de fora ajudava a enganar o polvo, dizendo que estava naquele momento oferecendo uma isca e corrigindo uma injustiça, que o polvo tinha no poder, seu verdadeiro representante. Polvo você precisa ver para crer. Polvos de minha terra vocês, podem confiar! Polvo unido jamais será vencido. O polvo participará de nosso governo, não só olhando a maré e sim, nadando contra ela. O polvo não precisará ficar escondido evitando os predadores. Colocaremos burros em pé para manter a segurança pública. Nenhum bombom ou bala perdida deixarão de ser encontradas, acharemos todas e distribuiremos para a população ordeira e feliz com este governo popular. Mesmo que para isto tenhamos que subir colinas, descer ladeiras e escalar montanhas. A partir de hoje guloseimas destas espécies prometo, jamais faltará no lar de vocês. Esbravejou o ministro para em seguida aplaudir a si mesmo. Uma hiena escondida, não conseguia parar de gargalhar. Polvo de minha terra. Vejam! A hiena é feliz, acreditou neste governo. O polvo não é bobo e a hiena também.

Algum insatisfeito, se existe, deve ser um educado tucano que espalhou aos sete mares, que nossos rios, lagos, lagoas, córregos e bacias estão poluídos. É uma mentira, tanto que acabei de jogar água fora da bacia e não vi nada. Mandamos prender os tubarões e as sardinhas que provocam desestabilidade no regime alimentar, encarecendo por demais os alimentos. Nenhum governo anterior foi capaz de fazer, botar em cana os que querem aproveitar do polvo honesto e trabalhador. Cuidaremos de nossas baleias, dando amparo na velhice, arrumaremos creches para os filhotes de golfinhos. Daremos boa vida aos cavalos marinhos oferecendo notícias frescas de nosso governo. O verdadeiro jornal do polvo. Ninguém precisará entrar em polvorosa, sem saber o que acontece de mais importante neste governo popular. Traçamos uma política de emprego para as piranhas, ofereceremos para todas sem exceção, casa, comida e roupa lavada. Daremos circo ao polvo, deixaremos o picadeiro livre para qualquer manifestação. O polvo será o convidado permanente para tomar um cafezinho com o líder genial dos povos da floresta em seu programa da Rádio Pirata com retransmissão pela Rádio Papagaio durante a madrugada. O tema desenvolvido é a organização da Copa e da cozinha. Bem amigo polvo, deixaremos para outra hora, estamos certos de que fazemos o melhor para vocês. O momento é de união dos polvos, que saem fortalecidos com o governo popular. Não deixaremos o polvo na rua. Não serão excluídos de nossas decisões unilaterais, só este polvo humilde e trabalhador reconhece o verdadeiro governo popular do Sapo. Estamos de olhos abertos, resmungou um crocodilo escondido em uma mata devastada.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Passeio do Leão Léo - Ficção Animal








O Leão Léo, fugiu do circo e da receita. Cansado desta vida, resolveu a bel prazer, dar uns bordejos pelos arredores do Palácio. Fazia calor, um sol a pino, véspera de feriado; caminhava todo contente, no entanto, parou encafifado diante de um ambulante que vendia mate. Olha o mate! Mate Leão! Mate Leão! Mate Limão! Um pouco surdo, por causa da idade, surpreendeu-se com o vendedor que gritava, esbravejava: Mate! Mate! Mate! Pensou em rugir bem alto, para mostrar com quem ele estava falando. O vendedor teria de parar de gritar Mate Leão! Afinal, ele estava diante do Rei da Selva, é do conhecimento de todos, que lá na selva, eu sou o Rei. Sou o Rei e ponto final.

Aqui, não tenho tanta certeza. Como pensar, morre apenas um burro. Léo pensou e acreditou piamente que ainda continuava a ser o Rei, pois, estava na Selva da Cidade. Uma selva de pedra, como costumava dizer para os amigos ursos. Depois, de muito matutar, filosofar, concluiu que o ambulante, não falava diretamente com ele. E seguiu a sua longa caminhada pela cidade. Animais e pessoas quando encontravam com ele, fingiam que não existia, que era um leão de pelúcia, tamanho GG.
Mais adiante, ao atravessar a quadra, conheceu dois garotos, um chamado Ramom, o outro de nome Ricardo.Escutou Ramom pedir ao avô, para comprar um mate: - Vô, compra um mate Leão ? O avô comprou, pagando dois copos. Léo ficou assustado, mas não ameaçou o garoto. Ramom, inicialmente ficou apavorado ao ver aquela fera a dois palmos do seu nariz. Léo gostou tanto dele que queria dar uma lambida, um abraço no garoto, desistiu, pensando que poderia ficar com medo. A sede de Ramom era tanta, que ao tomar o mate, matou a sede. Léo imitou aquele pinguinho de gente, pediu um natural e o outro de limão. Meu neto pode ficar tranqüilo, senta que o leão é manso. Léo deu duas rugidas, despediu do garoto e foi em frente na sua caminhada. Olhou para o céu e os monumentos, os prédios enormes e gradeados, lembrou do tempo em que ficava enjaulado; estradas esburacadas, viadutos mal conservados. Não deu muita bola para aquele lago diante do palácio, apenas olhou sua imagem no espelho d`água. Ajeitou a juba e foi em frente. Passou por um velho conhecido, leão-de-chácara e cumprimentou efusivamente. Saudações Leoninas!


Andava distraído , quando cruzou em seu caminho uma camaleoa, com uma pele um pouco enrugada, talvez por ficar muito tempo ao sol e de rabo grande. Léo fingiu que não viu, olhou de canto do olho, atravessou a quadra. Disse para si, um bonito rabo. Perto de um poste, ouviu dois homens, um em pé e o outro sentado, sem nenhuma cerimônia, falavam para cercar o leão pelos lados. Ouviu e não gostou, por pouco, não mostrou as garras para eles. Como faz o seu caminho ao caminhar, resolveu dobrar a esquerda. Passou uma grande dificuldade, acho que era a idade, bastava dar uma virada. Maior flexibilidade. O jeito foi mudar de posição, mas o suficiente para ver uma leoa com os filhotes, em uma imensa fila no posto de atendimento médico. Observou em silêncio e prosseguiu a caminhada.

Brincava ao sol com os seus irmãos, um leãozinho. Gosto muito de te ver leãozinho, um filhote de leão no meu caminho. Gosto de te ver ao sol leãozinho. Que juventude, com a sua juba em pé, saltitante, mostrando as garras. O mico leão dourado quando me viu passar, tirou o chapéu e fez grandes elogios, lembrou de minhas atuações no circo, como acrobata. Na verdade, o circo estava cheio de palhaços, muitos me faziam ficar em situação periclitante, trabalhar em dobro sem receber um vintém por isso. Os palhaços sempre tinham dinheiro e todas as facilidades. Eu que fazia a alegria da garotada, vivia na maior pindaíba, sem osso e sem pataca. Por pouco não morria a mingua. Deixei o respeitável público na platéia, que estava lotada, todos animados, gostavam do espetáculo circense, a comunidade de animais, sem muita diversão, precisava de pão e circo. Eu de rua.


Leu em uma banca de jornal, em destaque, que o Leão ia atacar os seus próximos adversários: um urubu, uma macaca, um porco, um peixe e traçar um suculento bacalhau. Antes o Leão, de peito estufado, tinha dito que papou um gavião e um jacaré. Na verdade, nunca experimentei este variado farnel. Leão mais esquisito, para mim, basta aquele meu primo lá do norte. Por falar em parentes, lembro de um bem distante, que fez bastante sucesso nas telas de cinema. Coitado, desde 1928, que pegou um trabalho extra na MGM; entrava em cena, para dar uns rugidos e nada mais, adornado por um circulo, com as palavras esquisitas: Ars Gratia Artis, que segundo me falaram, quer dizer: Arte pela Arte.


A Republica dos Bichos mudou muito, uma confusão de posição, na hora do rush, você, nem sabe se vai pela esquerda ou se encontra mais adiante uma via pela direita, ou dá uma parada pelo centro. São tantas setas, que confundem. Saí daquele circo, estava saturado de tanto palhaço chegando sem parar, todos enriquecidos com sais minerais. Cada um, mais engraçado do que o outro. Anões malabaristas circulam pelo circo, candidatos ao picadeiro. O espetáculo não podia parar.

Respeitável público! Queremos informar que todo dia, é dia de show, para aqueles que desejarem saborear uma suntuosa pizza, favor entrar na fila. Calma Excelência! Quero também o meu pedaço.


Outro dia, antes de entrar no picadeiro, falei para o amigo urso, o meu ex-domador, um careca chato, barrigudo, diga-se de passagem, falava com o Mágico de Oz, sobre o dvd Born Free, o filme narra à vida de Elsa, uma leoa órfã, trazida da selva africana. Lembrei do filme exibido nos anos 60 e da canção premiada do filme. Gostei tanto, que cheguei a ficar apaixonado por Elsa. Só em lembrar as lágrimas percorrem a minha cara. Uma linda música. Das poucas vezes que fui ao cinema, outro filme que assisti, com dificuldades e dobrando a língua para falar que era “The Lion King” do leão Mufasa e do filhote Simba. Cheguei a dançar ao tocar a trilha, enquanto assistia ao filme. No escurinho do cinema, eu paquerava uma tigresa que comia pipocas, estava em companhia de um senhor leopardo, tava na cara que era um turista. A tigresa tinha um corpinho de uma gata selvagem, unhas negras e íris cor de mel.

Estava ficando tarde, tinha de retornar para casa, antes de Léa, virar uma onça. Andei muito pela cidade, fiquei com alguns calos, escutei boatos, barulhos e até tiros eu ouvi. Bati em retirada, muito apressado. Até com os amigos da onça, cheguei a conversar, bebericamos garrafas de jurubeba no boteco da Tia Coruja. A cidade está um caos, um circo cheio de palhaços, que cada vez, aumenta mais. As luzes das cidades continuam acesas. Vejo, ao passar diante de um prédio, um embrulho no lixo embrulhado por um jornal da semana passada, com a seguinte manchete: Está desaparecido, destino ignorado, quem souber o paradeiro, favor avisar:

Bode Ludovico, figura proeminente da Republica dos Bichos, sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Logo ele, aquele Bode, que vivia no maior bode, com todas as mordomias. Líder do partido dos animais trabalhadores Estranho, muito estranho. Coloquei a minha juba de molho, a coisa aqui tá preta.Vou voltar para a Floresta.



Neste texto, foram inseridas passagens de duas músicas de Caetano Veloso: Leãozinho e Tigresa.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Desfile da Perereca - Ficção Animal

Um amigo da onça espalhou que a companheira de muitos anos do líder genial dos povos da floresta, faria um desfile, para angariar donativos para um dos fundos perdidos do partido. A imprensa escrita, falada e mal falada, estavam eufóricas dando tudo para a melhor cobertura, o melhor ângulo em busca de novos anunciantes e leitores. Cartazes e retratos da perereca foram espalhados pelos postes e viadutos nas imediações do palácio. Todos os passantes paravam para apreciar a perereca, admirar sua beleza e o último vestido de grife, comprado na principal galeria da cidade das luzes, seus sapatos feitos em couro de jacaré, assim como a sua bolsa, tudo da melhor qualidade e vindos do exterior foram utilizados para as fotos.

Na roda dos apreciadores da beleza e simpatia da perereca houve uma pequena discussão para saber se o couro da bolsa e do sapato era de jacaré ou crocodilo. As opiniões estavam divididas, uma gata entendida em modas, dona da Maison Couro de Gato instalada no lado norte da Avenida do Palácio, freqüentado por animais endinheirados miou para quem quisesse ouvir, era realmente um genuíno Alligatoridae; um alce dono da butique Alce Sempre Feliz, localizada na distante periferia, muito freqüentado por todas as espécies de animais enriquecidos com vitaminas ou não, garantiu de pés juntos, era uma verdadeira Crocodylidae, uma fêmea, habitante do sudoeste das margens dos rios da República dos Animais. O alce era o idealizador da estética da periferia. O clima esquentou que por pouco não chegam às vias de fato.

A festa anunciada em nota oficial foi realizada nos Jardins do Palácio, todo ornamentado, para agradar a gregos e troianos, em um sábado. Um dos maiores colunistas da Voz da Floresta, em uma notinha, destacava que a perereca da vizinha que estava presa na gaiola conseguiu fugir para assistir ao desfile da comadre. Um pavão misterioso apareceu no evento promovido pela perereca, ninguém sabia quem era, mas conseguiu entrar sem muita dificuldade. Uma tribo de girinos foi dar a maior força para a tia na passarela. Um pequeno grupo de passarinhas magrinhas do movimento socialista da baixada, de maria-chiquinhas no cabelo, corriam atrás dos canarinhos cantores, eram fãs do vocalista.

Um esperto abelhudo que sobrevoava a festa, para saber das novidades espalhou aos quatro ventos, insinuando que o Pavão, era um alto representante da classe dirigente de uma república vizinha, que apontou o Sapo, como um verdadeiro magnata. O cardeal não pode comparecer mandou uma rolinha como seu representante, as potrancas negras vieram com um grupo de turistas. O tucano Nando apareceu com o filho. Um enorme grupo de caramujos africanos vindos da zona oeste compareceu ao evento para prestigiar a dona Perereca; um casal de porquinhos da Índia; duas tartarugas que chegavam animadas, vestidas de ninjas, ficaram embaixo da passarela. Porcos skatistas insistiam em descer a passarela e a rampa do Palácio. Um gavião olhava atento o ambiente.

Era início da festa, na passarela armada, uma piranha engraçou-se com o bode, chegou a puxar a sua barbicha quando caminhava ao se deslocar para o salão nobre em companhia da cabrita, conduzindo uma sacola para recolher os donativos. Entardecia, o dinheiro rolava nas sacolas, o Sapo era informado do montante. Toda vez que aumentava os donativos, o Sapo pulava e espirrava ao mesmo tempo em que uma coceira inoportuna na sola dos pés o deixava muito inquieto.

Leões de chácara estavam a postos, vigilantes pediam credenciais para quem chegasse perto do portão. Leão Marinho e Lobo Guará os mestres de cerimônias esquentavam a garganta tomando um goró, para dar início à transmissão do evento. Um bando de alucinados pernilongos beliscavam as orelhas dos peles grossas, o hipopótamo abocanhou pelo menos uma dezena de muriçocas e outros insetos Uma delegação de tigres asiáticos com intento de fazer negócios, baixou na área reservada.

Pontualmente às quinze horas e dois minutos, é anunciada a presença da perereca, muito risonha. Inicia o desfile num megapalco. Antes de entrar milhares de fãs, adoradores de perereca, começam uma salva de palmas. Agradecia e acenava para a multidão de animais que circulavam naquele espaço.

Perereca Maravilhosa, Linda! Divina!

Perereca Gostosa!

Perereca Cheirosa! Linda!

Que lábios, miou uma gatinha dengosa, um show com este batom vermelho berrante, comentou com a porquinha e uma cabritinha sentadas em um tronco de árvore. Para esta apresentação a perereca gastou toda a merreca que o Sapo lhe dava a cada quinze dias, com uma lipoaspiração, depilação, natação, malhação e saltos em corrimão.

Uma nova perereca estava surgindo diante dos olhos dos animais. Seu rosto tinha recebido uma aplicação de colágeno, na medida em que desfilava saltitando, as vacas babavam próximas à passarela com a nova silhueta da perereca. A perereca nunca teve medo de ser feliz, comentou a vaca louca, que nutria maior babação pelos anfíbios. O buchicho rolava solto. A primeira dama desfilava exibindo um corte de cabelo assimétrico, mas um espírito de porco notou que os quadris estavam marcadíssimos e era sem duvida uma das atrações do desfile.

No lugar reservado para as autoridades do governo, não mediram esforços, foram distribuídos: chá verde, chá de cogumelo, farelo de trigo, capim limão, florais, biscoitinhos e pizza. Um camelo fotografou as bolsas e o vestido para mostrar aos amigos, que comercializam novidades nas bancas dos ambulantes do bairro central do Palácio. O jabuti maior controlador de bancas de importados da praça da República sempre com exclusividade, gosta de receber em primeira mão. O bode estava ao lado, recolhendo mais patacas, disse para alguém que havia espaço bastante em sua cueca para continuar recebendo donativos.Não parem! Não parem de recolher.

Um lince em companhia com uma onça pintada, percebeu que a meia que a Perereca usava, uma meia furada, mas não comprometia a coleção de verão, poderia continuar desfilando. Um gato preto com coleiras douradas assoviou quando a perereca passou por ele. Trajando um casaqunho verde menta, um amarelo suco de laranja, uma calçola muito justa com destaque para o verde da mata. Atrás da perereca, vinha a forte presença de macaquinhos, aliás, aplaudidíssimos, e o grupo da moda Coruja Folk.

Final do dia houve por bem contabilizar os altos ganhos, em patacas. Chamado o Sapo, preferiu arrumar uma desculpa, dizendo que tinha dado uma saída para catar algumas moscas e voltava mais tarde. O macaco chinês pendurado em um galho, disse que quebrava no momento outros galhos para o partido. A zebra, secretaria e militante sindical pelos princípios do centralismo democrático decidiu que a tarefa de contabilizar a grana, era dela na ausência de dois ou três companheiros da direção partidária.

Ninguém duvidava do sucesso, com lucro alcançado vendendo inclusive rifas e bingos. De uma hora para outra o tempo fechou, uma nuvem negra estacionou no espaço presidencial, as folhas das árvores balançaram, uma torrencial chuva inundou parte do gramado da residência oficial do Sapo. A multidão presente dispersa tomou o rumo de casa.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

No bar da Tia Coruja - ficção animal













A pantera negra estava orgulhosa de sua negritude, desfilava pela avenida em direção ao animado grupo, pela manhã havia participado de um ato de protesto na avenida perto do palácio do Sapo. Neste mês estava sempre atuante, uma militante presente em várias caminhadas. Um gato negro do outro lado descia do telhado para engrossar a roda de samba que rolava na porta de entrada do bar da Tia Coruja. "Vai rolar a festa, vai rolar", foi à música que uma jaguatirica solitária cantava encostada ao balcão, enquanto bebericava. O velho Falcão Negro acabava de chegar, em sua luxuosa charrete conduzindo duas elegantes graúnas. O Gato Felix pintou na parada, trazendo violões, dois pandeiros, cinco tamborins; além de reco-reco para o marreco e sanfona para o melro. Uma batucada foi iniciada, o som estava alto, que do alto de um prédio, uma araponga martelava bem alto, pedindo para abaixar o som, pois acorda cedo para trabalhar. Recebeu uma sonora vaia dos presentes.

Era um clima de festa. Animais de todas as espécies apareciam naquele novo point. Um grupo ia para o bar do Juaquim e outro para a Tia Coruja. Os dois pingüins que trabalhavam como garçons nas horas vagas estavam exaustos de tanto servir, pratos e mais pratos de amendoim salgadinho para o elefante, velho freguês, no momento estava desempregado, com a tromba baixa, por causa da nova lei do circo; eram as suas últimas patacas, que retirou do banco da praça. Hoje não vai ter gorjeta! Ao levantar e ir ao banheiro por pouco não dá uma pisada em uma passarinha, que esperta, abriu as asas e não perdeu a oportunidade em dar uma bicada bem na orelha do paquiderme orelhudo.

O urubu malandro, usando uma cartola com a sua ginga toda especial acabava de encostar a bicicleta na parede do lado de fora do bar. Cumprimentou um por um dos presentes, demorou um pouco mais ao se engraçar para uma lebre, perguntando inclusive por sua mãe e os filhos dela. Um gavião um pouco grogue entrou no bar acompanhado de um louro, sentaram na última mesa, pediram uma bem gelada, pegaram duas caixas de fósforos e deram de batucar. Batatinha um gato de madame da zona sul da Bicholândia, costumava aparecer nos dois bares, era amigo de muitos, evitava ficar próximo de cachorros, dizia sempre que não falavam a mesma língua. Não gostava de lembrar, mesmo que tenha morado por pouco tempo com uma cachorra que conheceu em um baile funk. Como brigavam como cão e gato, acharam por bem morarem cada um em sua casa, quer dizer, ele para velha poltrona da casa de madame; ela para a rua, embaixo de uma marquise, no entanto, com o tempo a relação foi esfriando, que acabaram por separar.

O cisne negro cantor e segurança nas horas vagas, que achou por bem telefonar do celular, informando do atraso, pois estava na avenida, quando uma joaninha em alta velocidade colidiu com um besouro, deixando ferido este ultimo, com sério ferimento em uma de suas asas e sua acompanhante uma mosca morta estatelada ao chão. Não respeitaram nem o pardal nem o sinal. O trânsito que estava sempre engarrafado piorou de vez. Na Rádio Pirata não foi dada nenhuma noticia a respeito da batida, pois era naquele momento à Hora da Bicholândia, uma versão oficial e semelhante a que rolava entre os humanos.

Todo dia a mesma chatice, a mesma lengalenga. A locutora era a mesma arara, que ficava toda vermelha ao ler as mesmas noticias, mesmo que a audiência fosse apenas de um traço. Noticiou em uma nota torta, lida as pressas que houve sem mais nem menos, mais uma sessão de tapas e beijos no congresso. Um amigo urso se engalfinhava com um amigo da onça, por pura falta de intimidade com a matemática, com os percentuais, não chegando a um acordo, ora menos para um, ora mais para outro. Mas para a felicidade da nação acabou que um tucano apareceu para separar os beligerantes e convidar para comer uma pizza no bar do Juaquim, por conta da casa.

Era por volta das nove horas, uma carroça lotada com uma turma da velha guarda, antigas cobras criadas no subúrbio da central, bairro distante, celeiro de bambas, cerca de 20 km do palácio do Sapo. Aparecem sempre vestidos com azul e branco, estampando o tradicional símbolo da águia, foram engrossar a roda de samba, cantando: “Eu nunca vi coisa mais bela, quando ela pisa na passarela e vai entrando na avenida”. Uma onça que segurava uma mangueira que comprara na banca do jabuti, muito mais barato, reagiu rugindo ao ouvir a música. Não liga não Tião, espantado arregalou os olhos, é provocação, disse a macaca toda enfeitada, dando um beijo nele e pedindo para descer mais uma, desta vez, bem gelada.

Começava a ficar na maior muvuca, mas um jaburu inquieto olhando a todo instante o relógio, parecia não participar do acontecimento, estava triste sem a companhia da fêmea, que fazia hora extra no trabalho. Não olhou, nem reparou para uma tanajura que passava entre as mesas, distribuindo beijinhos e propaganda de candidatos para a próxima eleição.

Em uma animada mesa do lado de fora, recém chegados da floresta, ficaram sentados dois jacarés, um crocodilo, uma paca, duas cutias amigas inseparáveis, um sagüi bigodeiro, um casal de bugio preto e um mutum, este enquanto comia um brotinho, ficava calado, apenas escutava, o que sua mãe sempre dizia ao telefone, não fale de boca cheia e até hoje permanece com este hábito; rolava uma conversava sobre ecologia, papo da moda nos bares da Bicholândia.

Tia Coruja cansada de tanto trabalho começou a piar, que estava na hora de fechar, a turma começou a sair, apenas um gambá bêbado insistiu em cantar: “Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa, ninguém é de ninguém, até de quem nos abraça”. Acabou por levar dois ou três petelecos, uns catiripapos que acabou nos braços do amigo tamanduá. Tia Coruja apagou a luz, baixou as portas e voou para bem longe, onde morava, lá onde a coruja dorme.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O Deus Brasileiro do Sapo: ficção animal


No final de semana o líder genial dos animais dos povos da floresta foi ao cinema. Ali, no escurinho do cinema, agarrado em sua perereca para assistir Deus é brasileiro. Muito atento ao filme o Sapo, deu apenas um beijinho carinhoso em sua perereca. Quis mostrar para os tucanos, que ele prestigiava a cultura nacional, assistia aos filmes, às diversas peças de teatro, aos shows; o que era verdadeiro, embora, algumas vezes negada, não gostava nenhum pouco de ler. Os poucos livros de sua biblioteca, eram os álbuns de figurinhas de artistas e jogadores. As figurinhas guardadas em uma caixinha, era as que ele jogava bafo-bafo, antes de ser eleito, na porta do sindicato com os amigos. Achava os livros muito chatos, enfadonhos, além disto, tinham muitas letras, muitas páginas e com a vista cansada, aí que não lia.

Estava ansioso para assistir aquele filme, pediu silencio a platéia. Durante a exibição do filme ficou convencido da existência dele, chegou por duas vezes, levantar da poltrona para de modo entusiasmado aplaudir freneticamente as cenas em que aparecia Deus. A perereca, companheira para todas as horas, solidária, dava o maior apoio para o parceiro, sorrindo e acenando para o público. Um pirilampo pendurado em um lustre fotografou a cena.

Sapo deu uma assobiada para chamar o seu auxiliar imediato, para cochichar ao pé de sua orelha, bem baixo para o bode Ludovico, que de imediato coçou a barbicha de tanta alegria. Confidenciou ao amigo que realmente tinha acabado de ver Deus. É verdade que tinha algumas dúvidas, mas foram dissipadas, depois de ter assistido ao filme, disse caminhando abraçado ao bode, dentro do gabinete.

Um dos farejadores que montava a segurança do palácio; descobriu através de complicadas investigações que um misterioso ser com aspectos de uma espécie de bicho e descrito por vários animais, veio realmente morar na Terra de Santa Cruz da Bicholândia, em um hotel de luxo à beira da estrada menos esburacada que liga por tortuosos caminhos a via principal de acesso ao palácio.

Na parte da tarde chegou esbaforido em seu gabinete para traçar alguns planos e projetos para receber o ilustre visitante. Temos de enfeitar com bandeirolas verde-amarelas, as avenidas, parques, vielas e pinguelas. Foi por uma questão de ordem, a ordem do dia. Decretaria feriado prolongado. Enviaria convites para os cientistas de terras distantes e próximas; para registrar o acontecimento de tal grandeza. Liberou geral para a mídia.

Finalmente tinha provado por A + B + C e D e por elaborados e confusos cálculos aritméticos, com auxilio da verdadeira prova dos nove fora, provas periciais e testemunhais, além do envio por e-mail foi confirmada a presença dele entre nós.

O Sapo a partir daí, ficou eufórico, muito feliz, mais que os muitos animais presentes no palácio, mais feliz do que pinto no lixo. A residência oficial do sapo estava em festa, muito iluminada.

No dia seguinte o palco estava armado, os holofotes posicionados para o brilho dos presentes, microfones testados, bancos e escadas arrumadas; caixotes envernizados, tudo pronto para a cerimônia de entrega do Medalhão de Cidadão das Terras de Santa Cruz da Bicholândia, uma honraria concedida aos amigos do palácio, realizada anualmente. Um grilo falante se posicionou para dar inicio a cerimônia.

O tumulto àquela hora era imenso. As focas frilas queriam furar o cordão de puxa-sacos que atrapalhavam os seus trabalhos, impedindo a imprensa ter livre trânsito nas dependências do palácio, para conseguir uma entrevista com o Sapo.Um coral de cobras, regido por uma cigarra, ensaiavam os últimos acordes do hino oficial.

O Sapo subiu com um pouco de dificuldade o palanque por estar com um pé enfaixado, devido a uma pancada que recebeu em jogo realizado na granja. Foi muito aplaudido ao aproximar-se dos microfones. Peço a atenção de todas as comunidades e um minuto precioso do tempo de vocês, para ficarem em pé em posição de sentido e em silêncio.

Atenção! Atenção! Aqui o povo animal é muito feliz! Graças ao bom Deus, posso afirmar:

- Ao Povo animal que votou em mim e os que não votaram também, tenho a honra e o orgulho de anunciar a confirmação da existência de Deus! Deus existe e está morando entre nós. Cada povo deste planeta diz que Deus pertence a eles. É uma deslavada mentira. Deus é nosso e ninguém tasca! É interrompido por uma salva de palmas e um foguetório.

Deus está aqui! Vi com estes olhos que a terra há de comer! Deus é Dez!

Deus é brasileiro e com ele não há quem possa.

Viva, Deus! Viva! Viva!

Deus é brasileiro! Ninguém pode negar!

Deus é brasileiro, deste modo, repetido ao som do hino, inúmeras vezes.

Deus é brasileiro! Meninos sapecas, eu vi! Meninas sapecas, eu vi! Delirava o sapo, com a boca espumando, desmaiado conduzido por uma junta médica.

Macacos do lado de fora davam uma banana para o Sapo, ainda vaiavam o líder popular, acredite quem quiser.

A noticia espalhada, informava que sapo acabou internado com um grave distúrbio nervoso e por alguns dias ficará de licença médica. Um louva-deus acabava de pousar na janela do quarto do Sapo. Moradores e visitantes do palácio, ainda ouviram o ultimo coaxar. Deus! É ele! Deus é brasileiro! Está ali do lado de fora.

Ps: A imagem do sapo em exposição no blog foi encontrada aqui

terça-feira, 20 de novembro de 2007

A Revolta dos Porcos - Ficção animal












Muitos porcos ficaram revoltados interromperam o trânsito nas cercanias do Palácio do Sapo Barbudo. Liderados por um porco gordo, sindicalista portando um megafone que ia a frente da manifestação grunhindo irritado com a situação dos velhos chiqueiros localizados ao norte do Palácio e ao oeste da Terra de Santa Cruz da Bicholândia. Cinco focas presentes registravam em seus blocos o tamanho da porcalhada. Uma foca distraída avaliou a presença de muitos porcos, além disto foi testemunha ocular de que viu alguns deles com asas, estimava, segundo suas anotações em meia dúzia, que ela caracterizou como uns selvagens. São porcos mesmos, pela imundice que espalham pela avenida, registrou em seu bloco de papelão. Uma foca recém admitida no jornal avaliou que milhares de porcos tomam de assalto às avenidas, vielas e becos da proximidade do palácio. Fuçam tudo que vêem pela frente. Não liga não disse um leitão as focas são sempre imprecisas nas estatísticas, argumentava com uma porquinha durante a caminhada em prol das melhorias de vida dos porcos moradores na periferia do palácio. Era a primeira vez que participava de passeatas, estava muito empolgada. Fora com as mordomias! Bacorejou com estardalhaço.

O porco gordo militante pelo sindicato dos trabalhadores em lavagem, conseguiu trazer outros porcos para a manifestação pacifica e ordeira. Cansados de reclamar da inoperância do administrador do bairro, que o povo da cidade espalhava ser um gato gatuno, dono de imensa fortuna e experiente felino na arte de administrar a prefeitura. Um grupelho de gatos pingados miava dizendo, que ele rouba, mas faz. Isto é um serviço de porco, só pode ser um deles, miou uma gataça que passava pelo calçadão, sob os olhares dos passantes.

Queixavam os moradores, porcos ou não que cães policiais treinados em morder de modo raivoso, perseguiam os porcos trabalhadores; em vez de gatos e ratos que roubam nossa gente, nos assaltam em pleno dia. Estamos abandonados, entregues a própria sorte, jogados em nossos chiqueiros. Somos filhos de Deus, queremos que a limpeza pública faça o serviço, levando as tralhas que impedem as águas nos córregos e rios de chegar até as nossas bicas. Que apareça mais abelhas e formigas para a limpeza. Somos carentes em serviços de transporte público, a vez é das kombis e carroças luxuosas. Queremos carroças, triciclos, velocípedes a nossa disposição durante a noite. Abaixo com as lanchonetes que usam e abusam de nossas lingüiças sem pagar uma pataca sequer. Não queremos morrer a mingua. Não podemos viver na maior pindaíba. Queremos comprar comida para os nossos familiares. Não queremos mistura de farelos em nosso leite que comprometa com a saúde de nossos leitões. Está ouvindo sapo? A gente não quer só comida, nós porcos queremos comida, diversão e arte.

Onde está este Sapo que não vê o que acontece com o nosso povo? Deve estar viajando! Grunhiu um pequeno suíno carregando mochila e alguns livros. Um outro que roncava na beira da calçada, despertou e saiu em disparada carreira, muito assustado com o que estava vendo. Um dos lideres, primo do famoso Rabicó, tomou emprestado o microfone e clamou por novas melhorias. Abaixo esta porcaria de governo! Que nada faz para os porcos. Oferece para nós apenas pérolas. Acorda Sapo! Levanta, sacode a poeira e chegue-se aos bons! Onde está o seu passado de antigo líder operário do brejo? Que vá morar na Bahia de los Cochinos! Sapo enganador! Recomendava do alto de uma carroça do sindicato, dona porca e os seus três porquinhos! Um deles usando ainda uma chupeta. Queremos latas e mais latas de leite em pó!

A imprensa reclama que não gostamos de tomar banho, como tomar se não há água oxigenada em nossos chiqueiros e nas ruas de acesso. Água mineral é muito rara, pinga em algumas bicas, apenas em chiqueiros com ar condicionado. Nós que moramos no Morro Alto somos espoliados em nosso direito de tomar banho. Queremos vala limpa! Queremos vala limpa! Que levem a sujeira daqui! Queremos trabalhos para os suínos! Precisamos de hospitais limpos e não com esta sujeira, com os detritos espalhados pelos corredores. Abaixo com as mordomias que nos emporcalham. Fora com a bandidagem e com os gatunos. Onde está você Sapo que não responde aos nossos anseios. Onde está o nosso líder, senão escondido grudado na perereca com medo de nós, os porcos. Comentava o velho porco aposentado. Queremos salários e não migalhas ou pérolas que não valem nada. Cadeia para os fraudadores! Queremos torcer para o Verdão sem brigar com galos, raposas e urubus. Cadeia para os arruaceiros!

Que porcos não enfrentem filas para pegar senhas para ir ao veterinário. Melhor atendimento para os porcos idosos. Nossa lama é a nossa lama, nosso banho. Não queremos que ela se espalhe pelo Palácio e arredores do poder. Faça a reforma já! Porcos unidos, jamais serão vencidos! O chiqueiro é nosso! Queremos nossos leitões sem medo de atravessar as avenidas sem levar tiros no lombo. E ficar para lombinho ou bacon.

Depois de horas protestando, atrapalhando o trânsito os porcos tomaram o caminho de volta, cada um para o seu chiqueiro, cada um para a sua vala. Três porquinhos mais espertos do alto de um viaduto inacabado, cheio de infiltrações, perceberam que o sapo continuava grudado em sua perereca, mas com todas as luzes do palácio acesas.


* Gerardo de Sousa:
















sábado, 17 de novembro de 2007

O Passeio do Bode Ludovico - Primeira Parte - Ficção animal







Bode Ludovico estava de licença, mas acordou disposto para sair disfarçado de cabra-macho, para butucar quem andava falando mal do Sapo. Na véspera comprou uma peruca ruiva, tingiu a barbicha de vermelho, calçou botas pretas,vestiu uma camisa amarela e saiu por aí. Os óculos escuros importado comprou na banca do jabuti. Imaginava, assim, que ninguém iria reconhecer, mesmo tendo a companhia da inseparável mala preta, grudada ao corpo. Com trânsito livre pelas cercanias do Palácio, continuou sua caminhada, apesar da hora. Atravessou a praça vazia, de um lado ao outro. Viu alguns gatos pingados e vira-latas dormindo nos bancos. Passou pelo compadre Francisco Orelana em conversa com a Graúna e a Onça Glorinha, que acabou por não reparar quem tinha acabado de passar por eles. Ufa! Que alívio, respirou Ludovico. Logo, o meu compadre. Olhou para o céu além das estrelas viu apenas, um solitário condor de mala e cuia indo em direção ao sul, certificou-se, de que não era uma araponga desgarrada. Caso contrário teria de reclamar com seu amigo e irmão camarada que estava sendo vigiado.
Acendeu um cachimbo, pois, bodes, às vezes, gostam de cachimbos. Cumprimentou uma raposa, que acabara de sair da toca. Enxotou um galo que na calçada, pedia alguns milhões para o leite dos pintinhos. Passou em frente da sede do sindicato dos condutores de carroça e viu do lado de fora, seu antigo companheiro Casé, o jacaré que anda em pé, também amigo do Novaes, lendo O Quiabo Comunista. Pelo visto não fazia nada, apenas lia.
Olhou para uma bonita perereca do brejo, que saltitava a sua frente e uma rebolativa gata siamesa, que ao lado de uma coelhinha, chamavam atenção dos passantes. Acabavam de sair de um baile funk, foram em direção ao terminal das carroças. Passaram por dois pangarés que estavam entretido em um conversa sem fim, que nem notaram as beldades passando, nem ligariam, quando conversam não costumam prestar atenção em outros animais.
Do outro lado da calçada, reconheceu o primo de Cândido Urubu, descendo de um Land Rover Defender, atrás dele, um ganso portando um laptop, acompanhava os seus passos; adentraram pela porta dos fundos da entidade de classe, que estava em completa escuridão. Abriram as janelas dos fundos, que dava para a igreja.
Ludovico, neste instante tivera a certeza de não ser reconhecido; o disfarce estava perfeito. Duas ratazanas passaram por ele, foram ex-seguranças de um dos maiores sindicatos da região, lançaram cobras e lagartos no ar, que ele ficou desconfiado ao escutar, o possível envolvimento do chefe da casa, quer dizer do partido. Ficou encafifado. Deixou de lado, tinha tarefas mais importantes para cumprir. Chegou à conclusão de não passar de insinuações pequeno-burguesas, daquele grupo de animais dissidentes, que gostam de ficar livres tomando ar fresco e sol.
Uma repentina tosse tomou conta de Ludovico, tossia sem parar. O espirro do bode, chegou a assustar uma barata tonta que transitava calmamente, em direção ao bar do Juaquim.
De longe, avistou o Sapo Barbudo, segurando um copo, perto de uma roda de samba, levando animado papo com uma cobra, assistente de um parlamentar do partido dos animais da selva. Um pouco mais atrás, embaixo de uma árvore, o famoso pintassilgo, ocupante de um alto cargo no governo do sapo, interrompeu o samba para cantar, pegou o violão: “Se eu quiser falar com” o Sapo, foi logo interrompido por longos e entusiasmados aplausos. Não teve nem condições de prosseguir cantando.
Silenciaram quando perceberam, assim que o dia clareou uma manifestação de grilos falantes, seguiam em passeata, tendo a frente, um elefante aposentado, três micos dourados, cinco camundongos e um veado-campeiro, distribuindo panfletos. Cães policiais estavam a postos, prontos para entrar em ação.
Algumas garças e diversas araras, estavam cantando uma música do Yuka em um carro de som “ a minha alma está armada e apontada a cara pro sossego, pois paz sem voz não é paz, é medo”
Ludovico quando assistiu aquela circense cena, caiu na gargalhada e não notou que Dom Ratón, antigo agente da Ilhota, passou por ele e o reconheceu.
Desde que assumiu o poder ao lado do sapo, que o bode ria à toa, o que muitos achavam que ele estava rico. Um mosquito que voava por lugares distantes, assoprou na orelha da abelha, que soube através de um marreco que namorava uma galinha poedeira que trabalhava na granja, que tinha certeza absoluta de que o irmão do bode, e ele eram os verdadeiros proprietários de uma rede de lanchonetes, localizadas no sertão, especializadas em vender sanduíches de carne de bode, buchada, leite de cabra e outras coisas.
Um dos sócios, que ninguém conhece, parece que foi o ganhador do concurso do cabrito maior. Uma velha raposa, jornalista nas horas vagas da revista Olha, descobriu, mas não tinha certeza, quem era o sócio incógnito, e dono de uma fortuna em dólares.
Balançar a pança, uma de suas características. Por sua longa experiência, Dom Ratón, percebeu que se tratava de um disfarce por demais conhecido. Não havia mais dúvidas, aquele estranho ser de peruca ruiva, pertencia ao mundo dos herbívoros ruminantes.

* O Bode estampado neste espaço, eu recolhi na internet, trata-se de um sósia do Bode Ludovico, personagem de meus contos. Como a "foto" do bode deu o maior bode, que acabei por optar pelo sósia.

Ps: O texto que publiquei foi apenas a primeira parte do conto, a segunda parte será publicada em próxima postagem.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A Folga do Sapo Barbudo - Ficção animal

















De madrugada o galo cantou, a galinha cacarejou, o pinto piou na Granja do Palácio. O sol começou a tomar conta do palácio. O sapo recolhido em seus aposentos despertou logo, abriu um olho, esfregou o nariz, esticou pernas e braços. O relógio cuco da suíte presidencial sinalizou quatro horas da manhã. Agora com os dois abertos, estampou um sorriso que há muito tempo não fazia. Deu dois tapas na perereca que dormia a sono solto ao seu lado, e a empurrou para fora da cama. Estatelada ao chão em uma posição desconfortável ficou sem entender a tamanha alegria do Sapo, que pulava e fazia acrobacias com se jovem fosse.

Dali fez um convite para a pererequinha, sua companheira, para abrir as pernas e fazer exercícios de alongamentos. Ande, levante! Um, dois, três, quatro comida no prato, cantava a perereca empolgada, seguindo o sapo em seus exercícios. Cansados de tanto exercícios de malhação, ficaram muito exaustos caindo um pra cada lado.

De um pulo só, o sapo mandou a perereca se lavar, queria hoje aproveitar o momento de lazer, de folga. Avisou aos filhos, aos numerosos irmãos e outros agregados, que havia um recado para ser lido no quadro negro que recomendava passear no bosque, enquanto o lobo bobo não aparecia.

Foi saltitante em direção da piscina, deu mergulhos, boiou e nadou. Deixou a perereca tomando sol e foi passear nos jardins do palácio com o seu auxiliar direto, o bode Ludovico, que exalava um odor não muito agradável, pois também malhou muito nos morros em torno do palácio e não deu tempo de tomar banho. Para atender ao pedido do amigo, foi deste jeito, suando bastante, nem o cavanhaque pode aparar.

O sapo foi logo avisando que não queria saber de nada, pois nada queria fazer. Fez um convite para o bode, se queria jogar bola de gude, no que foi recusado de imediato, alegou que estava com tendinite. De cabra-cega foi outra proposta, mais uma recusada. Pensou em outra, que tal de barquinho a beira da lagoa, perguntou entusiasmado. Podemos pular corda, seria muito bom, lembraria do tempo em que fui militante do sindicato. Putz! Sapo esquece esta vida de sindicalista, agora e espero para sempre ficarmos no bem bom, deixando a vida nos levar.

Pelo que entendi o companheiro bode está se deliciando com a vida, vamos dizer assim e que ninguém nos ouça, uma vida burguesa. O bode sorriu maroto. Verdade que chegamos bode, enfim ao paraíso. Não é mais uma ficção daquele italiano, Elio Petri que dirigiu aquele filme que assistimos uma vez no salão do sindicato, lembra que a mula do Didi levou para passar no sindicato. Acho que o personagem tinha o nome de Lula ou Lulu, não lembro bem, era um metalúrgico igual ao meu primo por parte de pai, que perdeu um dedo em um acidente de trabalho. Esquece sapo, o passado serve apenas para museu e colecionador. Meu carrinho de rolimã feito por mim ainda garoto, acabei de emprestar a vizinha lagartixa.

Que tal uma disputa de cara ou coroa? Quem ganhar pode correr em volta do gramado, ficar aquecendo para uma partida de futebol. Vai nessa? Uma boa idéia, embora não seja uma 51. Estou pensando em fazer uma viagem na próxima semana, destas inesquecíveis, a perereca vai adorar. Vou liberar meu cartão e os milhões da conta para atender minha adorável perereca em suas despesas, com o vestuário intimo. Desta vez espero que compre uma coleção de sapatos, das maiores grifes européias e latino-americanas. Afinal como bem disse o outro líder, sou um magnata e não fica bem minha perereca andar maltrapilha, esculachada.

Montarei com sua ajuda uma grande comitiva. Comprarei um novo avião, dispensarei pela urgência e da extrema necessidade qualquer licitação, não suporto estes tramites burocráticos deixarei de viajar nas asas da Borboleta Air, ultrapassada, sem autonomia de vôo. Trocarei por um Airbus LILS Espacial. Agora sim vão dizer que vivo no mundo da lua.

Aqueles que estiverem interessados em viajar, que façam filas, pois terão que comer em minhas mãos limpas. As avestruzes como exercem cargos de confiança, poderão obter o maior numero de convites. Papagaios, periquitos e maritacas estão garantidos em suas cotas. Há espaços reservados para as renas, os alces e veadinhos catingueiros e seus respectivos acompanhantes. Macacos pregos, micos, chimpanzés podem ficar espalhados no interior da aeronave. Carneiros, ovelhas, cabritos estão convidados. Corujas e gaivotas sindicalizadas e representantes de suas respectivas categorias, ganharam passe livre para viajar. Os cães farejadores montarão a segurança. Porcos, urubus e ratos foram contemplados nesta viagem. Os amigos da onça fiquem a vontade. As últimas poltronas estão disponibilizadas para os tucanos. O bode Ludovico puxou o sapo pelo braço, escuta sapo, onde estão os burros nesta comitiva, afinal eles são importantes, fazem parte do povo. Então bode, mande avisar este povo burro, para aguardar o retorno da minha viajem ao redor do mundo em oitenta dias.




*Amadeu de Sousa Cardoso - Artista português, nascido em Amarante, em 14 de novembro de 1887 e faleceu em Espinho, aos 38 anos, vitima de pneumonia. em 25 de outubro de 1918. Precursor da arte moderna em seu país. Recusava qualquer rótulo para indentificá-lo como impressionista, cubista, futurista ou mesmo expressionista. De familia rica, desistiu de estudar Direito para iniciar os estudos em um curso de Arquitetura na Academia de Belas Artes de Lisboa.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Um Morador da Tijuca - sócio do América (Memórias)








Li ontem no Globoesporte.com que poderá no dia 22 deste mês, ser a decisão do América Futebol Clube para vender a sua sede, localizada à Rua Campos Sales, 118, na Tijuca, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. A decisão é motivada pelo acúmulo de dividas contraídas pelo clube, a proposta é para transformá-lo em shopping. É pela segunda vez que o segmento de construção de shoppings fica atraído pelos espaços do clube.
O primeiro foi o seu antigo estádio, cujo nome, era uma homenagem ao antigo presidente do clube, Wolney Braune e posteriormente vendido tempos atrás para a construção do Shopping Iguatemi, em Vila Isabel, bairro também da zona norte de nossa cidade. Quando li a noticia de que a sede do clube teria possibilidade de ser vendida; bateu em mim, de imediato o tempo em que eu freqüentava o América Futebol Clube.
O América, cuja sede foi totalmente descaracterizada ao dividir o seu espaço com um conjunto de prédios residenciais, na parte onde ficava a antiga piscina. A piscina, ou melhor, o parque aquático ocupou o espaço onde era o gramado do estádio.
Não tenho envolvimento com o América enquanto torcedor, pois sou vascaíno, talvez possa com boa vontade ser incluído naquela suposta torcida de que o clube, é o segundo no coração da torcida carioca, deste modo, revelo minha simpatia pelo clube da Tijuca.
Não poderia ser diferente para o clube que eu freqüentava desde garoto, primeiro por morar em frente ao América, na Rua Campos Sales, 81. Fui sócio do clube pouco tempo depois que mudei para esta rua, no final do ano de 59, com 10 anos; mudei da Tijuca no inicio dos anos 70 e fui para a zona sul. Ainda como morador fui ver a queda de um vão do elevado Paulo de Frontin. Vivi muito dentro do América, ora reunido ao redor da piscina, do novo parque aquático, da recordação de um amigo que por brincadeira, ficou preso no ralo da piscina, afetou parte do braço e ombro, não esqueci que ele tinha o apelido de Touro. No campo de futebol, na arquibancada assistindo alguns jogos, assistindo arco e flecha. Brincando ou jogando nas quadras cobertas do ginásio do clube, na escolhinha de futebol de salão e de basquete. Do lanche oferecido aos “atletas”, ganhávamos um vale para ser consumido no bar do clube. Eu curtia beber Grapette, mas alternava com Caçulinha ou Crush.
O jogo de vôlei feminino era apreciado e muito comentado principalmente os saques e o desempenho das moças na quadra. Minha memória parece ser boa que lembro da cantora Doris Monteiro freqüentando a quadra do clube para assistir as atividades esportivas, acho que basquete. Do desfile da Portela que gravou definitivamente minha preferência pela escola de samba. Eu recusava escolher a Mangueira, que era preferida por alguns amigos. O América tinha várias quadras, também um salão social em que rolava os bailes e shows. Lembro de Barbosa, um senhor que chefiava a portaria do clube, quebrava nosso galho e deixava passar pela roleta, quando havia um ligeiro atraso na mensalidade do clube.
Também lembro de José Trajano, na época já era jornalista, pertencia ao nosso grupo e nos reuníamos na Praça Afonso Pena. Trajano grande torcedor do América e morava na Mariz e Barros, no edifico da Confeitaria Regina, esquina de Campos Sales, com Ibituruna. Eu transitava pelos diversos grupos de esquinas. Lembro de Pedro Paulo de Senna Madureira e seu irmão Nelson, Pedro Paulo não freqüentava muito o grupo e sim o irmão que me emprestava os livros da Editorial Vitória.
Haviam grupos politizados era com este grupo que eu mais identificava; grupo alienado, um grupo que se interessava por carros, havia de tudo. Por volta de 66/67 deixei de freqüentar o clube, passei a entender a minha realidade de outra maneira. Minhas leituras foram modificadas e passei a ser leitor também da editora Civilização Brasileira que publicava os livros que me interessava, das minhas visitas às feiras do livro, principalmente as que foram realizadas na Saens Peña, passava pela livraria Eldorado Tijuca, na galeria da Conde de Bonfim, 422 e depois na Entrelivos, localizada na Carlos de Vasconcelos, era a minha rotina no bairro. Lembro dos bonde, os seus números e de alguns ônibus.
Não comemorei, mas fiquei contente quando o clube sagrou-se campeão carioca em 1960. Lembro de alguns jogadores, principalmente do meio-campo Amaro que passou a morar com a família no mesmo prédio em que eu morava. Via os jogadores indo para a concentração em uma casa na Gonçalves Crespo, vizinha ao clube. Lembro da figura do presidente do clube, Wolney Braune. Lembro também do símbolo do Quarto Centenário da Cidade gravado na parte lateral do clube, aliás, havia uma boa extensão a área do clube, ocupava todo um quarteirão, que compreendia as ruas Campos Sales, Gonçalves Crespo e Martins Pena.
Eu estava sempre ali, conheci os amigos e amigas, freqüentei os bailes, as orquestras, conjuntos, desfile de fantasias. Não me interessava por praia. O clube tinha intensa atividade social. Pra mim o América respirava vida, alegria e prazer. De minhas tentativas em jogar boliche assim que foi montado no andar de cima da entrada social, fiquei convencido que o mais certo seria desistir de jogar e foi o que eu fiz. Criamos blocos e a cada ano escolhíamos uma fantasia para sair; reuníamos muita gente em nosso grupo, como Zezé Polessa e as irmãs; não lembro bem se José Gomes Temporão participava deste grupo carnavalesco. Assisti muito nos finais de semana ensaios do Bloco Bafo da Onça, com o cantor Oswaldo Nunes. Lembro das músicas que finalizavam os bailes de carnaval, cantávamos o hino da cidade e do América.
Nesta época havia algumas briguinhas em finais de bailes ou eram por disputas entre colégios, como alguém do Colégio Militar ou Pedro II ou de ruas, o pessoal da Rua Professor Gabiso, , com o da Campos Sales, ou Afonso Pena, algumas delas envolvidas por namoradas. Nesta minha fase de Tijuca, o América, o Instituto de Educação, o Orsina da Fonseca, o Instituto Lafayette, o curso Diplomados e a Praça Afonso Pena, marcaram e registraram muito minha passagem como tijucano.





































quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O Vasco sob o olhar de Luiz Penido

Torço muito para o que Luiz Alberto Penido propalou ganhe aspecto de veracidade, caso contrário, me parece uma bobagem, pois no meu entendimento está revestida e arrumada simplesmente como enaltecimento da figura do dirigente vascaíno e de sua política clubística. Para quem lê trata-se de uma peça jornalística para distrair e divertir os torcedores vascaínos. Quando li a transcrição, imaginei e desculpe a intimidade, Penidaço em sua hora de folga se transformasse em mago e de posse de uma bola de cristal, dado o caráter das previsões, que foram projetadas para o nosso clube, permitiu assim este modo de pensar. Por outro lado, desejo mesmo e torço para que novos fluidos, novos ares estejam presentes em nosso clube; seja o ano de 2008, uma nova era, geradora de alegria e vibração para nós torcedores do clube da Colina histórica como você costuma dizer.

Para quem ouve Penido e no meu caso tenho deixado de ouvir, a impressão que me passa é de quem quer ficar de bem com todos os dirigentes. Não reprovo como ouvinte sua atitude, mas em alguns casos, cheira a puxa-saquismo. Por falar em puxa-saco, lembrei que este estado era elevado ao extremo quando Kléber Leite, além de colega de rádio (tinha saído da Rádio Globo, comandava um programa de debate esportivo), se transformou em empresário, e junto a um grupo, assumiram o antigo Cine Imperator no Méier, inauguraram uma casa de diversão. Acho que havia disputa de quem bajulava mais, olha que eu passava por todas emissoras nos diversos horários que tinham programas esportivos.

Muitos radialistas enalteciam a figura colega a todo instante, era citado como exemplo de um grande empresário, vencedor, no entanto, um tempo depois, o mesmo empresário entra em colapso, estes mesmos colegas deixaram de citá-lo como um grande empresário, ficaram em silêncio tumular.

Gosto do Penido é um sujeito competente, mas algumas falhas cometidas nas narrações das partidas, de uns tempos pra cá, tem sido costumeiras, como errar nomes e induzir o ouvinte para situações narradas de modo equivocado, descreve coisas inexistentes, ou melhor, dentro de sua ótica quer que aconteça e se encaixe sempre com intuito de agradar o torcedor. As falhas, no entanto, são sempre socorridas por um dos membros da equipe. Compreendo que falhas sejam naturais, mas há o insistente e elevado tom de voz, produzido com a falsa emoção de que pode contaminar o torcedor. Entendo que seja um recurso e marca do radialista, e isto lhe confere para uma grande camada de ouvintes, a condição de melhor locutor do país.

Por falar em erro de narração esportiva, não é um privilégio de Penido, tem sido acometido por outros narradores; o locutor da Tv Bandeirantes, é uma prova total da ignorância, o que é mais grave no que diz respeito ao futebol carioca, derivando também como falta de respeito ao torcedor.

A fala de Penido protege, dá respaldo e legitima as possibilidades que possam surgir em São Januário, nos deixa confortados e nem uma dúvida sequer de que não serão concretizadas. Ele pelo menos está convencido e comprometido com a informação e lança um olhar em direção de novas melhorias que o clube vai passar. Uma fala com destino certo, o torcedor vascaíno. Com isto ficamos cientes de que a fila de jogadores com reclamações trabalhistas acabou, mas existia fila com este propósito? Engraçado nem parecia, o aspecto do clube é que ali, reinava uma tranqüilidade absoluta. Agradeço muito pela revelação, ainda bem que nós vascaínos contamos com estas informações de primeira.

Penido aventa a hipótese de troca de treinador e que será um trabalhador, jovem e comprometido com a modernidade. Caro Penido é muito melhor alguém com um bom transito no jornal Lance, avisar para não publicar nada antes do tempo, caso contrário, poderá ficar sem este modelo ideal de treinador. Seria uma enorme frustração para nós, não contar com um profissional com este perfil. Nem ouso falar do ótimo elenco que está sendo elaborado, com profissionais do naipe que você imagina; imaginamos também, se me permita este prazer, não passaremos por mais dissabores, foi jogada para escanteio a negra fase que passamos. Aleluia!

Acredita quem quiser no que foi falado e eu acredito e agradeço ao profissional Luiz Penido por estas alvíssaras. Com fé, eu agradeço a Deus e rezo bastante para tudo que seja prejudicial ao nosso clube, se distancie cada vez mais e os nossos adversários consigam em dobro.

Até a vitória final.

* O texto publicado foi reproduzido no site Supervasco.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Vasco - Minha paixão







Pois é, o nosso clube depois do último jogo, realmente é o time da virada, da virada para trás. Não almeja vitórias, vive em total apatia, sem perspectivas, se deixa abater. Os melhores jogadores que elegemos como torcedores, podem a qualquer momento virarem as costas para o clube. Nem seria diferente, pois com a política salarial implementada pelo dirigente mor do clube, não corresponde com as novas possibilidades que eles podem encontrar nos clubes interessados neles. Obviamente ganhariam mais, acredito que ficaria muito difícil algum deles renunciar a perspectiva de melhora de vida para ficar e atender o apelo do dirigente, aliás, afiançou que um deles, o jogador Leandro Amaral não sairia do clube. É ver para crer. Como uma figura desgastada nem sei se mereceria crédito. Para lembrar nem empresas confiam em sua administração, daí o Renato Gaúcho apontar na direção certa. Foi o caso do BMG, passou por ali por intermédio de Romário, findou o prazo, pulou fora.

O nosso maior dirigente que elege o confronto entre Vasco e Flamengo como uma disputa à parte, em um campeonato que, diga-se de passagem, até nisto estamos em desvantagem, trata-se de uma bobagem com intuito de iludir os torcedores. Para mim, alcançaria uma dimensão maior se, os times disputassem entre si, títulos de um campeonato oficial. É com esta perspectiva que estamos mal. Um dirigente que reduz a participação de nosso time a um campeonato a parte e se dá por satisfeito com uma eventual vitória de nosso time. O que ele poderia dizer da ascensão do rival no atual campeonato e uma torcida que encontra eco na mídia? Apenas viramos alvo e espectadores em campeonatos, que com a graça de Deus não passamos por coisa pior.

Desde que assumiu o clube sua política tem sido nefasta para o Vasco. Conquistamos muitas derrotas e em vários níveis, o que tem nos deixado decepcionados, iludidos, frustrados como torcedores, e no meu caso também bastante céptico em relação ao desfecho do espúrio presidente do nosso clube. Não aponto o dirigente como o único culpado pela conduta do clube chegar nesta situação. Tão pior quanto ele, é o grupo de sustentação que não consegue, por interesses do próprio grupo, destituir o dirigente. O grupo espelha a mentalidade conservadora da estrutura de poder no clube, deletando qualquer voz discordante. Não admite qualquer conturbação no ambiente do clube, ali à nau tem que navegar em mares tranqüilos, soberana. Preserva este status a qualquer custo. Entende que torcida apenas serve para torcer, não necessariamente sofrer.

O dirigente não é nenhum ingênuo, se apoderou do clube por que as pessoas que o cercam permitiram e entendem que pode ser uma arma eficaz no combate contra a intromissão de “estrangeiros” e assumam o poder em São Januário, temos que considerar que o clube, é um “clube de colônia”.

Criaram uma serpente, alimentaram sua vaidade, abriram caminhos para ostentação de seu luxo, enaltecem a figura como o maior dirigente que o futebol jamais viu. Aquele que qualquer clube desejaria; um dirigente personalista, na verdade vascaínos de toda grandeza sentiam envaidecidos, orgulhosos por contar com a perspicácia, com a esperteza, a malandragem, daquele que detém a verdade, o homem que combate e trata a imprensa dentro dos rigores da lei da Colina, o que sabe mais, que trata nossos ídolos com desprezo, daquele que mandava com o seu prestigio na federação a época em que o “homem do chuvisco” presidia a entidade, aquele que foi para o congresso lutar unicamente a favor dos interesses do clube e possivelmente deve ter defendido, de que, realmente não sei. Fiquei pasmo com a noticia de que o Benfica trocaria experiências de gestão com o nosso clube. Deve ter algum sujeito bem lúcido que consegue enxergar que uma administração que se perpetua por um bom tempo e não foi capaz de conseguir patrocinadores, armar um time competitivo seja modelo e cópia para um time europeu, por mais que tenha afinidades de origens.

È lamentável como vascaíno ser testemunha da situação em que nosso clube vivência, qualquer resultado de uma partida é válido, faz parte do jogo, mas tem sido diferente o resultado de nossos confrontos com outros adversários, conquistamos com muito sacrifício derrotas, mas quem tem sido vitorioso é o dirigente. Não podemos reclamar, faz jus ao que ele sempre propagou, mesmo que as nossas custas.

Até a vitória final.

* O texto em exposição no blog foi também publicado no site Supervasco

domingo, 11 de novembro de 2007

No Reino da Bicholândia: o discurso do Sapo.


















A Patativa veio de Assaré, resolveu sair do brejo de onde morava para conhecer o Reino da Bicholândia. Tinha lido em um jornal velho que o vento lhe trouxe; noticias do líder que presidia a Bicholândia, em uma entrevista bomba feita pelo Velho Papagaio; o Sapo em seu coaxar diário na varanda do palácio andava reclamando das aves agourentas e dos tucanos que se queixavam por qualquer coisa que o seu governo popular e democrático realizava. Estava cansado, cheio destes animais irracionais, que não compreendiam que a Bicholândia caminhava firme com o propósito de chegar rápido em um estágio de desenvolvimento jamais visto em qualquer mundo, seja ele dos vivos ou dos mortos.

O Sapo andava irritado e deste modo, desencadeava coisas em seu discurso que eram incompreensíveis para o seu eleitor, a grande maioria dos habitantes da Bicholândia. Já não dizia cré com lé, lé com cré. Uma barata cascuda, sua eleitora de outras eleições, ficou revoltada, sem compreender o que falava o magnata Sapo Barbudo, acabou saindo do local completamente tonta, sem saber que rumo a tomar. Um vira-lata biscateiro que recolhia latas e garrafas importadas no jardim do palácio, também por não entender nada colocou sebo nas canelas e foi embora.

Da varanda o líder magnata lançou um olhar de esguelha e viu a mula jornalista, acompanhada por uma anta, que participaram de sua ultima coletiva, eram as mesmas que espalhavam notícias no jornalão que o governo reeleito, ia de mal a pior. Um assessor, o melhor amigo do sapo de longa data, sindicalista como ele, tomou as dores pra si e começou a rosnar e querer abocanhar a perna da mula. A anta que acompanhava a mula começou a espernear. Surge não se sabe como, quatro macacos que faziam à segurança do palácio diante delas. É para convidar a anta e a mula se retirarem do local o mais rápido possível, latiu o policial alemão. São ordens! O macaco mais alto conseguiu dar uns catiripapos e sacolejões na mula, que acabou dando o pinote. A anta apavorada levou uma rasteira, correu e não conseguiu pegar o celular e telefonar para o jornal. Deu de correr pela estrada afora.

A Patativa pensou que ia sobrar para ela, acabou por ficar escondida no galho mais alto da árvore, dali viu uma carroça de turismo estacionar na calçada e mariposas voarem em direção ao líder da Bicholândia. Viva o Sapo! Viva! Uma verdadeira algazarra feita por besouros que acompanhavam as mariposas. Minutos depois chega o canário do reino, pedalando um velocípede, fazia parte da comitiva, era o cantor de um grupo de pagode convidado para cantar nos eventos do palácio. Um galo cantor também compareceu, acompanhado de oito gatas sambistas. A Rádio Papagaio montou um estúdio móvel. Pirilampos a postos, fotografavam tudo.

Por volta das 15 horas e dois minutos, muitos animais sorridentes e os poucos humanos estavam em um tremendo alvoroço aguardando o pronunciamento do Sapo, que antes de começar foi interrompido por uma queima de fogos. Uma cadela ministra interina, ex-militante, sempre com cara de poucos amigos, acabava de chegar, aproximando-se do grupo. O Sapo assim que viu a ministra deu uma piscadela para ela. A perereca sua companheira, flagrou o sinal e deu um beliscão no braço do sapo e uma pisada no dedo mindinho de seu pé. Reclamando deu de pular de dor. Enquanto pulava, os animais presentes, os asnos e jumentos que estavam mais próximos ovacionavam o líder, imitando a seguir com pulos e coices a torto e a direito.

Era chegada à hora, faltavam poucos minutos, o Sapo de onde estava e de um pulo só, foi direto para a tribuna. Agora como magnata achou por bem colocar uma gravata, antes abandonada, enlaçou com dois nós e pegou o microfone. A perereca entusiasmada com o novo discurso aplaudiu freneticamente.

Começou o discurso improvisado: Não vou me transformar de Sapo em príncipe. Aqui nesta terra, que me desculpem os ecologistas e a numerosa família de ofídios, mato a cobra e mostro o pau.

- Habitantes da Bicholândia seja do mar, da terra ou do ar quero dizer para vocês que nunca, jamais houve na história deste reino uma preocupação com o bem estar de vocês e com o progresso. Pela primeira vez e digo isto com orgulho de um Sapo, que morou em brejos secos, em beira de lagoas, que passou as maiores necessidades, um misere danado. O nosso governo popular conseguiu com muito esforço igualar aos humanos a sua verdadeira condição de animais e aos animais a sua verdadeira e real condição. Fizemos a verdadeira revolução da espécie, os animais, a pedido de vocês, permanecerão como estão e os homens a pedido deles foram transformados em verdadeiros animais.

Para não dizer que não falei, os hospitais públicos continuarão como estão, pois alcançamos um nível de atendimento inigualável com poças, sem higiene e imundice por todos os lados; infiltrações e lixo para todos sem distinção de raça. Os homens de brancos a partir de hoje tratarão rigorosamente vocês como animais, com um atendimento ímpar. Nossa gestão nos hospitais, jamais vista, conseguimos com muito custo e com fortunas gastas na manutenção das precariedades, atendendo exclusivamente o desejo de vocês. Não vejo motivo de diminuir as filas no atendimento, se vocês só gostam de enormes filas. Se não gostassem de filas não precisariam, madrugar nas filas.

O povo animal adora visitar os hospitais repletos de animais doentes para ficarem internados, por puro instinto de imitação, para isso providenciamos a falta total de médicos. Construímos diversos berçários para as cegonhas, que nenhum outro governo ousou fazer. É verdade que há muito tempo, não passo por uma destas unidades que reformamos. E nem quero passar. Fui informado por dos meus ministros de minha inteira confiança que foi feita um reforma para continuar tudo como está. Neste dia, encontrei uma infinidade de burros na fila do hospital, pior que recusaram a minha sugestão de líder para voltarem para casa e retornarem ao hospital daqui a doze meses. Os burros, meu povo, são teimosos empacam por qualquer coisa, ficam engrossando a fila. Não admito sob hipótese alguma que o nosso povo animalesco por natureza seja equiparado aos humanos .

Vejam só! Construímos para o nosso orgulho e atendendo as reivindicações dos sindicatos da classe, diversos caminhos nas estradas, mantivemos os buracos maiores ou menores para os que gostam de viver em buracos, como os tatus-mulitas, que insistem em desaparecer deste verdadeiro reino encantado; as vias vicinais enlameadas para os burros-sem-rabo; deixei o mar, lagoa, rios e lagos a disposição permanente dos camelos em caravana ou não. Aumentamos o número de pousadas para os pássaros e seus filhotes. Ampliamos em duas o número de escolas em todos os graus de ensino.

De hoje em diante nenhum mamífero morrerá atropelado nas estradas, colocaremos placas com avisos. Não corram! Perigo! Animais racionais ao volante! Cuidado! Sinalizações serão suficientes, morrerá agora quem quiser. Aos tamanduás enfeitaremos com a cor do pavilhão suas bandeiras.

Meu governo popular construiu milhares de casas para qualquer joão-de-barro que se filiar ao programa da casa própria. Diversas e confortáveis tocas com ar refrigerado para as raposas. Casulos com beliche para os solitários e ninhos para os urubus. Oferecemos gratuitamente diversas vespas para as vespas como meio de transporte e sobrevivência, podendo fazer lotadas. Daremos pérolas aos porcos. Serviço odontológico para os peixes. Pastos verdejantes para boi dormir. Serviço de primeira para aparar jubas de leões e barbichas de bode, com financiamento da caixa do reino. Dois mil leitos para girafas e dromedários. Cinco mil paus de arara.

Colônias de férias para toda e qualquer espécie de animal. Daremos uma bolsa de meia pataca como ajuda para tratamento de saúde mental animal aos que necessitam principalmente aos cachorros e gatos de madames, que reclamaram deprimidos com o estado em que vivem; basta um telefonema para agendar e assinarem com um x em concordância, as meias patacas estarão creditadas em menos de cinco segundos em suas contas bancárias. Isto é uma prova da alta tecnologia que o governo popular implantou. Aos aposentados e pensionistas bípedes ou não, passarão a ganhar muito menos para evitar desperdício na compra de rações e futilidades. Com a poupança saberão investir na bolsa e poderão financiar pacotes de turismo. Um governo com a cara do povo e trabalhando como principal preocupação com a saúde animal e a sua sobrevivência. Um governo popular igual a este está para nascer. Quero me despedir dos animais que votam e me apóiam, mas digo também para aqueles que por razões que só o coração desconhece não conseguiram votar em mim.

Deixo para vocês um recado. Não adianta insistir não quero mais ser reeleito. Silêncio tumular nenhum zumbido foi ouvido.


Paula Figueiroa Rego : Artista portuguesa, oriunda de uma família burguesa, nascida em Lisboa em 1935. Sua familia muda-se para o Estoril em 1938. Vive em Londres desde de 1976. Nos anos 60 participou de diversas exposições coletivas na Inglaterra. Considerada na Inglaterra como uma dos quatro melhores pintores vivos do mundo.















quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O Pato e a Galinha





Foi um escândalo o Pato surrou a Galinha, que andava aprontando e ciscando no terreiro alheio, acabou sobrando para o marreco que fazia companhia na hora em que chegavam tarde da noite, vindos de um passeio. Há muito tempo que o pato andava desconfiado. Onde você foi? Com quem estava? Um espiríto de porco falou para mim que você estava cacarejando com uma capivara na beira da lagoa. A galinha soluçando pediu desculpas pelo atraso, pois estava sem condução e pediu uma carona ao marreco, que prontamente atendeu. Somos amigos de infância,cacarejou bem alto. Um gavião espreitava à distancia, pois sondava o terreno. Estava doido para meter o bico e a colher nas brigas do casal; queria apenas dizer que: galinha que acompanha pato, morre afogada!

Cada vez o Pato ficava mais grilado. Era dia sim, dia não. Resolveu caminhar e em conversa com o gato, manifestou sua preocupação. Escute só meu velho amigo, espalham aos quatro ventos que minha companheira de longa data é uma verdadeira galinha. Não acredito! Não acredito! Grasnava irritado. O gato soltou uma gargalhada. Deixa disto pato, a sua companheira, realmente é uma galinha. Sem graça pela reação do gato, esboçou um leve sorriso e saiu de fininho sem entender o motivo da gargalhada do gato. O Pato cabisbaixo foi direto para a lagoa, precisava relaxar e nadar. O ganso que descansava de papo pro ar na grama, quando viu o Pato, foi logo perguntando pela galinha, sua companheira, ainda continua com ela? O Pato encucado respondeu com uma voz rouca. Ora ganso! Trata de sua vida, pois minha companheira continua sendo galinha e ninguém tem nada com isso. Vivo com quem eu quero! Não é por ser um pato que eu não posso namorar uma galinha.

Do alto de uma árvore o macaco sentado em um galho logo disse: Olha macacada espia quem vem andando? Vem lá o pato pateta, coçando a cabeça. Será que a dona galinha abandonou o pato? Escuta pato! Bom dia! O pato passou lentamente com o seu gingado e fingiu não escutar o chamado. Psiu! Psiu! Virando-se colocou uma das asas na cintura e indagou?

-Quem me chamou e o que quer?

-Sou eu, seu pato, daqui de cima do galho respondeu o macaco. Gostaria de saber, prendendo o riso. Como vai aquela galinha, sua namorada?

- Você conhece a minha namorada?

- Claro seu pato, e quem não conhece. Pode perguntar a qualquer um, ela é muito conhecida. Ela é muito dada. A risada foi geral entre a macacada. O Pato começou a ficar irritado.

- Escute aqui seu macaco de uma figa! Chegou a dar dois empurrões no macaco peludo, que estava a sua frente, zombando dele Uma confusão foi armada. Me solta, me solta grasnava o pato, enquanto era segurado por dois papagaios e um galo que passavam na hora da confusão.

- Me larga! Vou dar patadas e bicadas naquele macaco intrometido.

- Calma! Amigo Pato! O macaco perguntou pela galinha que anda com você, apenas, isto. Aquele macacão lá de trás disse que ela era uma galinha. Mas não é a galinha sua namorada? Sim, há muito tempo que ela é minha namorada. Os dois papagaios e o galo se despediram do pato. Tchau!

É verdade, pensou com os seus botões, a galinha é a minha namorada. Desistiu de continuar com a caminhada e voltou para casa. Pegou a chave no bolso, abriu a porta e foi logo perguntado pela galinha. Onde está você? Olhou para o poleiro, estava vazio. Não houve resposta, nenhum cacarejo. Tarde da noite o pato desperta com as batidas na porta. Quem é? Sou eu, a sua namorada, a galinha. Abriu a porta e entrou, deu dois beijos no pato e foi dormir.

*Dedico o texto em exposição aos meus netos, Ramom e Ricardo e a minha companheira Marilene.




Celso Githay: Artista plástico, grafiteiro com premiações internacionais e nacionais. Nascido em São Paulo, em 1968. Herdeiro da sensibilidade artísticas dos pais, João e Jurema. Celso nos anos 80, manifestou interesse pelo movimento Punk, estabelecendo contatos com as bandas Psycoses e Estado de Coma. Formado em artes plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Aproxima de vários artistas paulistanos que usam o graffiti como linguagem de comunicação nas áreas urbanas da cidade de São Paulo. Criou o projeto "Graffiti é legal, junto com o professor de ciências Hernani Facundo e o apoio da Secretaria Municipal de Educação. visando oferecer informações sobre a arte do pichador. Celso é bem atuante, produz textos, cursos, palestras e imagens para diversos suportes. Seu trabalho pode ser visto pela internet e em exposições espalhadas em nosso país e em páginas que acolhem artistas que trabalham com graffiti. Vale a pena conferir, é da melhor qualidade.