quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Hoje é dia de Ricardo, O Menino dos Olhos Verdes









Não poderia passar em branco, hoje é dia de festa, meu lindo neto Ricardo, comemora um ano. O amigo e companheiro do irmão Ramom. A chegada de Ricardo, o mais novo vascaíno da família foi muito curtida por todos e nem poderia ser diferente. Aliás, a bem da verdade, houve por parte do irmão, um pequeno ataque de ciúme, uma disputa pela atenção dos avós e dos pais. Mas parece ser uma página virada na convivência entres os irmãos. Claro que há recaídas, Ramom não está muito convencido de ter de dividir as atenções.

Ricardo, O Menino dos Olhos Verdes é muito esperto, com alguns dentes afiados, vai experimentando as novidades e ingerindo as que são oferecidas; alegre deu os primeiros passos e tombos há pouco tempo, bem antes de completar um ano. Deste modo, até com a ajuda de quem estiver por perto, vai rumo às descobertas de seu mundo, repleto de novidades e brincadeiras.

Corre de um lado ao outro, pega os brinquedos do irmão, no entanto, neste ato ingênuo e de curiosidade de Ricardo, um conflito surge e o vencedor, naturalmente, é de quem tem mais força. Em desvantagem abre o maior berreiro, fica muito sentido e quando pode e nem sempre pode, parte para o ataque distribuindo mordidas. É um Deus nos acuda. Um salve-se quem puder.

Ricardo faz parte de meu mundo e de Marilene. O mundo ficou mais encantado com sua presença. Acho que a criança tem esta capacidade de transformação, de alterar o nosso cotidiano. Como um avô observador percebo diferenças no comportamento, mas os mesmos se apresentam iguais na disputa pelos braços do avô. Fico no meio desta, fico com um de cada lado.

Quando engatinhava, aquele toquinho de gente vinha direto para junto de mim, segurando em minhas pernas pedindo colo. Diga-se de passagem, adora um colo. E quem não gosta? Não recuso esta aproximação de meus netos. Sou um avô muito corujão, assumidamente babão com as estripulias deles.

Para Ricardo, O Menino dos Olhos Verdes, desejamos eterna felicidade. Que construa os castelos de sonhos e que realize a maioria deles no decorrer de sua existência São os votos do avô, de sua avó Marilene e da bisa. Beijos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O Vasco de Eurico

Não é confiável a administração de Eurico Miranda, me parece desacreditada, uma vez que nem patrocinadores conseguem. Figura desgastada, com forte apego ao cargo acha que consegue bons dividendos tratando a mídia como trata, sempre a desprezando. Seu discurso está sempre revestido de mau humor, depreciando o seu interlocutor em entrevistas; está convencido que agindo assim, com rompantes de um déspota, que protege o Vasco (instituição) de jornalistas e torcedores mal intencionados. Daí o homem sai distribuindo bordoadas a torto e a direito em quem estiver pela frente. Contrariado responde de modo infantil situações em que poderia haver um tratamento, mais maduro, equilibrado, usando da sensatez para lidar com as adversidades. Se ele é mesmo vascaíno, tenho dúvidas, se for, por sua incapacidade administrativa, têm colhido bons frutos, apenas vitoriosas derrotas em seu recheado currículo. Não suporta torcedores, salvo em períodos em que necessita de voto para se eleger no poder legislativo. Há pouco tempo foi barrado no baile, não conseguiu o tão sonhado mandato popular. Votos, só os obtidos em nosso clube. Mesmo assim, são questionados por sua validade, creio que para síndico encontre dificuldades. O sábio dirigente durante este tempo no poder, consegue apenas canalizar para si, reprovação da maioria dos vascaínos. Sua conduta sempre foi esta e me parece fossilizada, deste modo ganhou respaldo para dirigir o Vasco. Há um desejo por parte do conselho que sustenta este estado de coisas, a manutenção de Eurico.

Qualquer mal estar na Colina, sacam do bolso, vedando acesso à informação. Exercem a censura, coagem jogadores, inibindo a tal ponto, como deixou constrangido Leandro Amaral no final de uma partida, perguntado declarou que não poderia dar entrevistas, eram ordens.

O Vasco para este grupelho de apoio está muito bom, acreditam piamente que deve ficar muito melhor até o final da competição. Apostam na permanência de Eurico e possibilitam e sedimentam espaços de poder em São Januário, distribuídos segundo a imprensa para a família do dono do clube. Apontam como o modelo de melhor dirigente, o mais qualificado, em um eventual embate com Dinamite, o derrotaria, deixaria Dinamite nocauteado em questões de segundo. Sabe que Dinamite não é adversário pra ele. Acho quem poderia derrotar o dirigente autoritário que tem mando na Colina, seria uma pessoa com raízes lusitanas, de prestigio no clube e na mídia, e disposta a enfrentar este estado de coisas, para começar a limpeza e remoção do entulho autoritário que permanece e pode ficar em SJ por um bom tempo. Penso que um candidato provindo de outros segmentos que não o dominante na Colina, fora da história política de São Januário, está fadado a ser alijado do processo de eleição. Forças conservadoras e mesmo a atual oposição podem se aglutinar em beneficio da tradição do clube. Dinamite mesmo que tenha vínculos com o clube, ídolo deste mesmo clube não teria condições ou não quer e não está disposto a exercer uma liderança capaz de mobilizar os descontentes em São Januário. Ilustres vascaínos que circulam pela mídia e são aclamados, parece que não se engajariam em fileiras da oposição, não iriam fazer passeata. O departamento jurídico do Vasco é muito capaz, articulado e assessora com presteza e dedicação o dirigente Eurico.

Como jogador, artilheiro e meu ídolo, nota mil, mas como condutor de movimento de oposição, é dose. A idéia que passa para mim é de estar sempre pedindo desculpas ao Eurico pelo incomodo que causa. O movimento que o apóia, não tem pretensões de sair à rua para um chamamento da massa vascaína, não é a praia da maioria dos membros de oposição, preocupados apenas na confecção do próximo cardápio.

Vascaínos de outros estados teimam em apontar na direção dos torcedores moradores do Rio de Janeiro, uma culpabilidade, uma omissão pelo estado em que se encontra o nosso clube. Não sei se desta maneira de nos encarar revela a ausência de uma tradição de luta oposicionista dos vascaínos. Formas de lutas existem muitas e algumas são tentadas ou mesmo as sugeridas por vascaínos de modo radical na remoção desta gestão ultrapassada e autoritária que vigora em São Januário. Acredito que um dos melhores caminhos é a via judicial ou quem sabe conseguir respaldo com o grupo de poder que sustenta o gestor autoritário em São Januário, provocando uma cisão.

Vascaínos, até a vitória final.

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Uma pena que o dirigente-mor do clube da Colina, não tenha ouvido a notícia para desmentir publicamente o que provavelmente vai acontecer. Como fez recentemente ao saber que o jornal Lance havia noticiado antes dele, proclamar o técnico para o público.Acho que o jogador está correto, ele é profissional e vive do que ganha. Se surgiu proposta mais interessante, deve mesmo ir à luta. Pode ser que não esteja satisfeito com o que se passa no clube e prefira respirar novos ares. Basta ele olhar para onde o Fluminense caminha e para onde o Vasco vai .Se o nosso dirigente que defende o clube mais do que Vascaíno, até o momento não manifestou interesse em sua permanecia, acha do alto de sua sapiência que basta dizer a palavra mágica Vasco, para que qualquer jogador ou treinador estariam dispostos a pertencer ao elenco do clube, a renovar contrato, ou abdicar de melhores ganhos. Se um cara como dirigente dá um chute na bunda de verdadeiros jogadores vascaínos, imaginem se ele se importa com os torcedores. Não lembro de Eurico encampar qualquer idéia sugerida pela torcida para este ou aquele jogador. Está pouco se lixando conosco. Nosso craque Leandro Amaral pode puxar este cordão para a saída de São Januário de outros jogadores. E na visão do dirigente pode entrar um jogador e sair outro. Novo plantel estará sendo elaborado com antecedência, tudo com a prestimosa ajuda de empresários interessados em manter SJ como vitrines de seus craques. Sem dúvida, muitos deles serão recebidos, se são verdadeiros vascaínos, ainda não sei

Obs: Textos publicados sob forma de comentários no site Supervasco.

sábado, 27 de outubro de 2007

Reino da Bicholândia : Em dia de festa

Noticias de última hora, em edição extraordinária dadas pela Anta de plantão, informando de que haveria festa no Palácio tomou conta do Reino da Bicholândia. A noticia foi espalhada como rastilho de pólvora. Uma gatinha manhosa parada diante do portão, comentou com o gatão: - Morzinho também quero ir à festa.
Alto-falantes foram espalhados pelas redondezas, bandeirolas penduradas em galhos, postes e passarelas decoravam o ambiente. Uma festa para nenhum amigo do peito botar defeito. Do lado de fora, um bando de tucanos fora do ninho se engalfinhou na disputa por convites para uma festa de aniversário. Deu pra ouvir de um tucano no meio da confusão, que ele não perderia de jeito nenhum a festa, dando em seguida uma rasteira em seu oponente. Bicadas afiadas foram trocadas, penadas de toda ordem poderiam ser vistas por quem passasse pelo local. Muitas carteiradas foram distribuídas a torto e a direito para que um deles entrasse na festa. Se não fosse a valentia de um dorbeman ranheta de óculos escuros, poderia haver naquele momento uma invasão no recinto, podendo provocar chiliques, arranhões e desmaios. Mutucas e garças sobrevoavam o local de helicóptero filmando a movimentação em torno do palácio. Faixas isoladas de protestos foram recolhidas pelos leões-de-chácara.

Duas focas free-lances, acompanhadas por duas moscas estagiárias carregando câmeras digitais, observavam a distância os acontecimentos para passar informações de primeira para a redação do jornal de oposição A Voz do Mundo, maior matutino da Bicholândia, corriam e voavam contra o tempo.

Calma! Gritava e latia enlouquecido um policial a paisana, que fazia parte da segurança do Palácio. Vai ter comida e bebida para todos, tudo por conta do nosso líder. Viva o nosso líder! Repetia seguidas vezes um papagaio empoleirado em um caminhão estacionado em uma calçada. Cala a boca sua maritaca! Guinchava para ser ouvida uma chimpanzé de um bando vindo da periferia no meio da muvuca. O papagaio não deu nem bola, não era com ele, continuou repetindo. Pois não era mesmo, era um papagaio e não uma maritaca. Não distante dali, ratazanas enfurecidas disputavam e reivindicavam mais convites para a festa. Acompanhamos o nosso líder no inicio de sua carreira, quando ainda era um pequeno rebelde girino,vindo do interior, queixou-se um ativista sindical. Uma coruja com ares de intelectual, pertencente ao comitê partidário e em companhia de um camelo, dois burros e uma cobra estavam na porta de entrada do palácio. Aguardavam em vão pelas credenciais.

Uma gralha tratou de espalhar que o povo morador, os sem-dentes, trabalhadores vertebrados e invertebrados e os sem-teto da parte baixa da floresta da Bicholândia não seriam convidados; muitos não acreditaram no que ouviram e leram.

Uma hiena que tomava uma cerva bem gelada em uma birosca danou de rir, gargalhava sem parar. Solta mais uma lourinha, seu Juaquim, hoje o dia vai ficar quente. Um amigo da onça no fundo do bar fazia anotações e falava ao celular. Um porco sonolento, com um palito no canto da boca, percebeu que o vizinho de mesa, marcava para levar ao festejo, cinco tigresas, seis cachorras, quatro lebres, oito gatas, doze panteras e mais convidadas que pelo efeito de seu sono, não deu para ouvir. Foi o que disse depois que acordou para o velho carneiro seu amigo camarada do movimento sindical. Um crocodilo estabanado entrou derrubando mesas, garrafas e cadeiras, foi direto ao mictório, não se deu conta que ali na fila estava um veadinho com uma galhada parado esperando a vez.

No Reino era um agito só, todos comentavam sobre a festa do chefe da Bicholândia. No lado de fora, um hipopótamo do serviço de entregas de uma empresa terceirizada, vindo de moto, trazia sob encomenda do líder, caixas de perfumes importados franceses para oferecer a sua companheira perereca. Falava-se a boca pequena que o Sapo Barbudo gostava de ver a sua perereca toda perfumada e sorridente para os convivas e a mídia. Ainda mais esta ultima que andava a falar e escrever aos quatro ventos por pura implicância com ele, sua família e seu democrático e popular governo.

Sabem com quem estão falando? Berrava o Bode Ludovico, sem antes pisar em um burro prostrado diante do palácio. Era necessário berrar, pois sob disfarce, ficava difícil alguém reconhecer o velho companheiro. Um pinto aposentado tinha sido posto pra fora, indignado reclamou. Trabalhei anos a fio e como não sirvo pra nada, me enxotam, me colocam na rua. Ludovico aproveitou o cochilo da preguiça de plantão para chamar pelo interfone o chefe. Não acredito você aqui? Bode, juro não sabia que você tinha voltado. O sapo começou a tossir e espirrar, deu cambalhotas, saltitante beliscou o beiço, puxou o dedo do pé. Era verdade. O Bode em pessoa. A festa de tão cheia que estava que começava a ficar apinhada de animais. Todas bestas dos partidos de oposição estavam presentes. Ludovico de um salto só, parou no gramado verdejante do palácio. Foi muito aplaudido.

Senhores e senhoras do mundo animal, presentes e com presentes caríssimos ofereceram ao chefe, que de uma hora para outra pulava cada vez mais alto, babava de tanta felicidade em sua camiseta verde-amarela, por estar com os velhos amigos. O velho Bode Ludovico cansado de guerra, esperto que só ele, ouviu e fingiu ouvir que do lado de fora, do outro lado da calçada manifestações de protestos de poucos bezerros-barnabés e vaias sonoras começaram a ser ouvidas. Uns gatos pingados forçaram a entrada, depois pularam o muro para começar a dançar funk. Um urubu se achando o rei do pedaço começou a dar em cima de uma abelha-rainha, acabou se ferrando todo. Foi voar em outra freguesia.

A ordem dada de imediato foi para dispersar a multidão sem violência, com gás de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo e cacetadas, apenas para os que pediam e insistiam em apanhar, os verdadeiros animais. O primeiro a ganhar uns cascudos no cocuruto foi um galo xiita, usando boné com propaganda de uma Ong. Mandaram logo baixar a crista. Não toleramos manifestação desta natureza, colocaremos no xilindró quem ousar desobedecer. O Sapo estava uma arara. Estes funcionários públicos tumultuam o meu governo democrático e popular, volta e meia entram de férias prolongadas. Um grupo de famélicos banguelas com pires na mão reclamavam; Sapo Barbudo, não pensou duas vezes, para estes laboriosos animais em especial, mandou o Chefe da Guarda, distribuir generosas bolachas.

O Sapo Barbudo chamou os amigos, os velhos amigos, um por um e deu inicio a festa, com a certeza absoluta de que ali, animais intrusos ou não, não seriam mais bem-vindos. Vai rolar a festa, vai rolar. Uma festa de arromba.

Imagem: Fernando Cabezudo - Nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1927. Suas obras estão espalhadas em seu país e no exterior. Centro Cultural São Paulo

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Reino da Bicholândia : A Volta do Bode Ludovico














Ludovico ficou impaciente ao aguardar no sinal, para atravessar a pista. Ameaçou duas vezes e desistiu. Os carros, velocípedes em velocidade e os humanos, o deixavam muito assustado. Enfim, quando atravessou, quase que tropeçou nas próprias pernas ao andar mais rápido. O reino da Bicholândia parecia um paraíso. Um reino encantado.

De longe, avistou o Sapo Barbudo, enquanto aguardava a vez, tagarelava sobre etanol com uma charmosa avestruz militante, encostados em um palanque; pelo sorriso estampado do Sapo, percebeu que estava muito feliz com este encontro. Três hienas sem dentes e sorridentes em pé no muro, aplaudiam entusiasmadas. Passaram a gritar alucinadamente no megafone: o Chefe é bom companheiro, o chefe é um bom companheiro, o Sapo é um bom companheiro, ninguém pode negar! Pastores e lobos arreganharam os dentes com a aproximação do ilustre visitante.

Do outro lado da calçada do Palácio, tapadas por enormes biombos, burros desempregados, patos enfermos e gansos vindos de afogamentos, enfrentavam filas e mais filas em busca de seguros-desemprego. Um cavalo fardado de segurança do posto deu alguns coices em um irado camundongo que esbravejava sem razão que tinham furado a fila. Estava ali desde cedo, sem comer nem um pedaço de queijo, acordara por volta de quatro da matina e agora via um jumento passar a sua frente. Estes animais sempre reclamam de barriga cheia, estão viciados, zurrava em bom som um jerico uniformizado, ao lado de dois vigilantes gorilas.

O arqueiro Zen chegava a galope em seu velho pangaré, todo esbaforido, com noticias do Planalto. Acabara de receber um envelope pelo pombo-correio. A Rádio Papagaio, mais do que de pressa, em nota oficial esclarecia, pela anta de plantão que a Águia mandara evacuar o recinto repleto de autoridades, pois suspeitava de algum membro da comissão de frente, estava ali infiltrado, sob as vestes de um famoso terrorista candango, segundo informações sigilosas, havia uma observação neste sentido no relatório improvisado, avisando, que um suposto agente com aparência de um animal peludo e chifrudo, teria explodido uma bomba de chocolate no chão da quadra da escola de samba. Perseguido em vão, o desconhecido acabou por embrenhar-se no mato. Soltaram os cachorros, mesmo assim acabaram dando com os burros n água. O animal peludo e chifrudo nunca mais foi visto nas redondezas. Uma besta jurou ter visto o terrorista despido soltando fogo pelas ventas.

Ludovico entre uma baforada e outra, assistiu aquela circense cena, caiu na gargalhada e não percebeu que Dom Ratón, antigo agente da Ilha, passou por ele e o reconheceu. Por sua longa experiência, Dom Ratón, percebeu que se tratava de um disfarce que o companheiro de longas jornadas noites adentro, estava correndo perigo. Aproximou-se do antigo companheiro e pediu para acender o charuto. Dom Juan Ratón, desenvolvia projetos para o turismo. Espalhou agencias em vários pontos do país. Havia acabado de inaugurar uma agencia de encontros para a prática de sexo selvagem, com as melhores gatas e galinhas do pedaço.

Continua.





Rossini Quinta Perez : Nasceu em 1932, na cidade de Macaíba, Rio Grande Norte . Gravador, Pintor e Fotógrafo. Foi aluno de Fayga Ostrower. Trabalhou como assistente da gravadora Edith Behring. Na Europa foi bolsista da Unesco em um curso de litografia na Rijksakademie van Beeldende Kunst de Amsterdan; residiu em Paris até 1972. Retorna ao Brasil nos anos 70 e passa a residir em Brasilia. Participou de diversas Bienais, de exposições individuais e coletivas. Desenvolveu trabalhos com Farnese de Andrade Ganhador de diversos prêmios Sua obra faz parte de importantes acervos particulares como: Gilberto Chateaubriand e Kiri Te Kanawa. Documentou as transformações através da fotografia da paisagem urbana de nossa cidade , entre as décadas de 70 a 90. As imagens podem ser vistas em coleções do Instituto Moreira Salles (IMS).Vive no Rio de Janeiro.
Fontes de consulta: Itaú Cultural, Tribuna da Imprensa Museu Castro Maya , Universidade Estácio de Sá MNBA

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Quem diria, Romário técnico do Vasco, por um dia




A noticia me surpreendeu, creio que não só a mim, a mídia, torcedores vascaínos e de outros clubes tiveram conhecimento por Eurico, em entrevista, que acabara de nomear o novo técnico do Vasco. O alto comando cruzmaltino me pareceu com o intuito de minimizar a situação do clube, convocou Romário para assumir um mandato tampão para ser dublê de técnico e jogador para uma única partida; aproveitou o momento e declarou que o novo técnico seria apresentado na quinta-feira, com isso, pretendeu acalmar os ânimos em nosso clube.
Com impacto da decisão de tornar Romário mesmo de modo efêmero, produziu noticia na mídia para minimizar o enaltecimento dos jornalistas com o clube rival, embora sejam refratários ao noticiário provindo de nosso clube. Neste sentido Eurico se revela como sempre um dirigente inteligente, outros torcedores, diriam um dirigente muito ardiloso.
O todo poderoso do Vasco, ontem, a meu ver, cometeu uma indelicadeza, se é possível extrair de Eurico esta postura diferente, fez questão ao ser entrevistado por José Carlos, de cumprimentar Washington Rodrigues, imagino que eles sejam inimigos cordiais. José Carlos inicialmente ficou sem entender a simultaneidade da declaração, mas sem graça prosseguiu com a entrevista, aliás, o seu interlocutor frisou que só daria entrevista para os dois apresentadores. Indagado por Garotinho se fosse técnico deixaria Romário no banco no jogo contra o Flamengo, hesitou em responder, dando idéia que não demitiria Celso Roth; uma “tradição” incompreensível que procura manter para a galera. Fez jogo de cena e pela pergunta que foi feita, disse que Romário jogaria a partida contra o Flamengo. Naquela partida, imagino, o sábio professor Roth, colocou sua cabeça para a degola.
Chego à conclusão que houve mesmo à distância uma interferência do jogador para empurrar o “professor” para fora de São Januário. Acredito que o comando cruzmaltino tenha encontrado a calculadora com atraso, depois de elaborados cálculos científicos para perceber nossa posição na tabela, somando aqui e diminuindo ali, chegaram à brilhante conclusão pela urgência da situação demitir, na verdade, um dos nossos melhores técnicos, com ele, nós torcedores não podemos reclamar, conseguimos vitoriosas derrotas para a nossa coleção.
Desejo sorte para Baixinho ou para qualquer outro técnico que venha treinar o nosso clube na condição de torcedor não sou simpático no momento à vinda de Lopes, mesmo que tenha uma identificação com o nosso clube, imagino um novo técnico disposto a renovar os ares de São Januário, seria o ideal. Na parte da noite ao ouvir a Manchete circulava o boato de um suposto convite para Waldir Espinosa, que foi entrevistado por Waldir Luis e Ronaldo Castro. Surgiram nomes como: Geninho, PC Gusmão, o treinador do Náutico. Ouvi por Waldir Luis que Romário não assimilaria a idéia de Lopes como treinador, pois, teve a sua indicação para jogar no Corinthians, vetada pelo professor. Foi passada a idéia de que existe um setor conservador na direção que seria favorável um convite a Lopes. Lopes parece preencher o perfil para Eurico, dizem ser muito afinado com os ditames impostos pelo poderoso da Colina. Particularmente não percebo em nosso clube um segmento progressista na direção do clube, se emitissem algum sinal por certo seriam expurgados, deletados sem piedade.
Bom seja lá o que Deus quiser. Até a vitória final!

sábado, 20 de outubro de 2007

Intervalo Cultural: noticias recentes












Nesta sexta-feira dia 19, li em O Globo – On Line a noticia de que a escultura do poeta Carlos Drummond de Andrade, em particular os óculos que compunham a escultura instalada em um banco da praia de Copacabana, no Posto Seis, foi danificada. Trata-se mais uma vez de atos de vandalismos perpetrados contra a escultura. Não foi a primeira vez que aconteceu tal dano. Há sempre alguém ou grupos dispostos a quebrar o patrimônio público. Alvo predileto de setores excluídos da sociedade. De alguma forma fui também atingido.

Aquela imagem chama a atenção dos passantes e visitantes da orla carioca. Tenho flagrado pessoas de idades diferentes, fazendo questão de sentar ou ser fotografada ao seu lado, no banco. Geralmente não fica desacompanhado. Atualmente colocaram uma vaca pertencente ao acervo da Parada das Vacas ao seu lado, uma Vaca-leitora que lê para o poeta. Gostei da idéia, achei criativa.

Morei perto de Drummond em Copacabana, avistava sempre passar pela calçada da Rua Visconde de Pirajá nos anos 80, só ou em companhia de sua filha Maria Julieta, quando trabalhei na Unilivros, também vez por outra esbarrava com ele na livraria Leonardo Da Vinci. Sempre o admirei e sou um leitor de sua obra, particularmente me interesso de alguma forma na sua vasta obra, as que são mencionados em seus escritos as livrarias, editores e livreiros; além de nos oferecer uma contribuição para um entendimento do panorama literário do Rio de Janeiro. Sempre presente nos eventos da cidade, atuando e divulgando a cultura. Neste mês de outubro comemora no dia 31, o seu aniversário, uma pena ter recebido este presente.

As vacas feitas em fibras de vidro pintadas por artistas cariocas em exposição (Parada das Vacas/Cow Parade) atualmente nas ruas do Rio de Janeiro e outros espaços públicos também foram contemplados por objetos atirados e destruídos por estes insanos.

A exposição é considerada como a maior ao ar livre. Meus netos, das que eles viram, curtiram muito. O mais velho tocava, identificava as cores e indagava mais sobre as vacas. Achei legal este momento por ter despertado a sua curiosidade em um animal que está em principio em sua forma animal, distante de seu universo, de seu cotidiano.

Em tempo acabei de ler no site do jornal O Globo, que os óculos de Drummond que menciono em post acima, segundo a prefeitura, não foram roubados e sim encontrados quebrados por um militante gay participante da Parada Gay realizada no dia 14 deste mês na Praia de Copacabana. Foi devolvido à Administração Regional que providenciará o conserto. Melhor assim.

Uma matéria que li no jornal de hoje, escrita por Túlio Brandão em que noticiava sobre a prisão de um livreiro dono do sebo Le Bouquiniste Livraria, localizada na Rua Visconde de Rio Branco, 28 no Centro do Rio. Em sua loja foram encontrados um acervo provindos da Biblioteca Nacional avaliado pela Policia Federal em R$ 100 mil. Ao ser preso o livreiro argumentou que desconhecia a origem dos livros, não sabia que eram da Biblioteca. O livreiro vai responder a inquérito por receptação qualificada, podendo ser condenado em até oito anos de prisão. A livraria parece existir cerca de 15 anos. A matéria acrescenta que é pela terceira vez que apreendem livros roubados da Biblioteca, apenas este ano. Lembro que li algum tempo que um livreiro dono de sebo na Praça da Bandeira, esteve envolvido nesta situação.













*Severino Borges da Silva nasceu em Escada e cresceu em Bezerros no Estado de Pernambuco. Sobrinho de J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Os trabalhos produzidos por Severino se destacam no panorama das artes populares de Pernambuco. Severino é proprietário de uma loja a Casa de Cultura de Pernambuco, que vende material produzido pelo artista.
Fonte de Consulta : O texto inserido da pesquisadora e jornalista Esdras Campos que pode ser encontrado na interessante página de Severino Borges

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Três escritos de um vascaíno

Taí o resultado, conseguimos mais uma vez conquistar uma vitoriosa derrota, pra ninguém botar defeito, afinal vai fazer parte de nossa coleção. Acho que faz parte de um plano secreto do treinador e do time, tal a facilidade e empenho com que ajudam os adversários, sempre os conduzindo para a celebrada vitória, neste aspecto, há de convir, somos talentosos. Temos inclusive uma direção complacente com o estado de coisas, afiançando todos os erros. Treinador e alguns jogadores se movimentam com uma apatia impressionante, com um volume inigualável de certeiros passes errados, algumas vezes me leva a crer que estão sem receber, pra não dizer que são muito ruins, com crônica incapacidade de fazer algo melhor.

Deixo claro que não tenho ido aos estádios, minha avaliação é sustentada do que ouço pelo rádio. Cá pra nós se tivéssemos perdidos de um time qualquer ou de outra divisão inferior do futebol, não ficaria preocupado, agora perder deste timeco que a imprensa infla a todo o momento, que ganha espaços generosos em manchetes e no noticiário com a maior, ou melhor, torcida, meus amigos, é de lascar.

Torcer pelo o Vasco hoje com o elenco de craques dispostos e acostumados com afinco para serem derrotados, é sabermos previamente que não chegaremos a lugar nenhum, nem adianta enfeitar o discurso proferido pelo técnico e pela lastimável direção que se encontra em São Januário, é pura perda de tempo. Na verdade são justificativas dadas como paliativo para esconder a verdadeira situação periclitante com que o nosso time vive. Apelos infantis muito explorados pelos entendedores do futebol de que a simples presença de Romário, ou de outro craque qualquer do passado, poderia contaminar o time com as lições e experiências é um verdadeiro engodo, não é isso que se vê em campo e nem poderia ser diferente, são realidades distintas.

Não percebo no técnico dizer palavras convincentes, no meu entender, parece que são ditas sempre com o propósito de reconhecer o adversário como melhor, talvez, com intuito de preservar e garantir seu espaço no futuro. Percebo que não incorpora o espírito vascaíno, com o propósito de vitória até o final de uma partida ou campeonato. Como time da virada, é exigir muito deste elenco, onde prevalece os equívocos, torna-se uma ficção, achar que neste momento resgataremos o passado de vitórias, o resultado das partidas, mostra-se diferente. O Vasco já entra em campo derrotado. Primeiro por termos uma diretoria, que a cada dia, além da vocação para o autoritarismo, mostrou e se mostra incompetente para montar um bom elenco. Sem muito recurso, temos que nos contentar com que nos são apresentados. Qual seria a empresa disposta a enfrentar os desmandos da direção do clube, investir uma grana preta e com um mínimo possível de retorno, só vendo para crer. Patrocinar o Vasco implica muitas vezes em problemas de várias ordens, a começar no âmbito do judiciário.

Até a vitória final.

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Realmente é um jogo imperdível tanto que um dos nossos maiores craques cruzmaltinos de tão empolgado que ficou se predispôs a ficar no banco de reservas. Mas o que se tem lido pode ser apenas neste clássico a sua presença radiante na partida. Previsão de sua presença em outros jogos, acabou por frustrar grande parte da torcida, não pode comparecer em recentes partidas. É uma incógnita sua decisão final, que conta com prestimosa ajuda do comandante vascaíno, através de elaborados planos para encerrar a brilhante e vitoriosa carreira, mas ao que parece, hoje removeu qualquer obstáculo para participar deste espetáculo.

Hoje poderia ser o tal dia, uma vez que joga o clássico de maior apelo, teria uma oportunidade de exercer sua predileção velada por seu time de coração, estaria de alguma forma contemplando seu sonho de encerrar a carreira em um grande evento, ainda mais em um jogo que um dia foi considerado como o Clássico dos Milhões, tendo o palco do Maracanã para expressar sua gratidão com as torcidas e o local de onde sempre foi protagonista de grandes jogos e destacado algumas vezes como artilheiro.

Para as duas torcidas, com rivalidades expostas e cultuadas pela mídia, torcedores e em especial a direção do clube da Colina, que chega a projetar como um campeonato à parte, cabe agora aguardar. Claro que para nós vascaínos, só cabe um resultado, que é a vitória, não importa no meu caso, com qualquer placar. É de se lamentar pelo horário do jogo imposto pelas Organizações Globo, para não afetar a novela ou a sua grade de programação, sujeita o público a um horário muito tarde, por volta das 22 horas, deixando para o público que comparece ao estádio, à mercê da violência e do perigo de assaltos.

Dali do banco como espectador e apto a um eventual chamamento, nosso craque estará transmitindo, segundo noticia a imprensa, ávida por este confronto, experiências para os jogadores, que me parece confortados pelos sábios ensinamentos; resta saber agora com o técnico ou no final do confronto, como têm sido assimiladas tais lições, ou se elas foram realmente ensinadas, num elenco provido de “professores”.

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Olá!

Realmente é um jogo imperdível tanto que um dos nossos maiores craques cruzmaltinos de tão empolgado que ficou se predispôs a ficar no banco de reservas. Mas o que se tem lido pode ser apenas neste clássico a sua presença radiante na partida. Previsão de sua presença em outros jogos, acabou por frustrar grande parte da torcida, não pôde comparecer em recentes partidas, por motivos vários. É uma incógnita sua decisão final, que conta com a prestimosa ajuda do comandante vascaíno, através de elaborados planos para encerrar a brilhante e vitoriosa carreira, mas ao que parece, hoje removeu qualquer obstáculo para participar deste espetáculo.

Hoje poderia ser o tal dia, uma vez que joga o clássico de maior apelo, teria uma oportunidade de exercer sua predileção velada por seu time de coração, estaria de alguma forma contemplando seu sonho de encerrar a carreira em um grande evento, ainda mais em um jogo que um dia foi considerado como o Clássico dos Milhões, tendo o palco do Maracanã para expressar sua gratidão com as torcidas e o local de onde sempre foi protagonista de grandes jogos e destacado algumas vezes como artilheiro.

Para as duas torcidas, com rivalidades expostas e cultuadas pela mídia, torcedores e em especial a direção do clube da Colina, que chega a projetar como um campeonato à parte, cabe agora aguardar. Claro que para nós vascaínos, só cabe um resultado, que é a vitória, não importa no meu caso, com qualquer placar. É de se lamentar pelo horário do jogo imposto pelas Organizações Globo, para não afetar a novela ou a sua grade de programação, sujeita o público a um horário muito tarde, por volta das 22 horas, deixando para o público que comparece ao estádio, à mercê da violência e do perigo de assaltos.

Dali do banco como espectador e apto a um eventual chamamento, nosso craque estará transmitindo, segundo noticia a imprensa, ávida por este confronto, experiências para os jogadores, que me parece confortados pelos sábios ensinamentos; resta saber agora com o técnico ou no final do confronto, como têm sido assimiladas tais lições, ou se elas foram realmente ensinadas, num elenco provido de “professores”.

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Olá!

Marcelo Coelho acho que o Robson está correto em expor o seu protesto neste espaço e aqui por ser uma via democrática cabe qualquer manifestação do torcedor vascaíno. Eu sou um dos que identifica a oposição conduzida pelo MUV como a que tem por objetivo imediato confeccionar o cardápio para o próximo evento gastronômico e não é de hoje, quando senti que era um dos propósitos prioritários da oposição, não fiquei disposto a me engajar nesta luta, cujo palco principal é um restaurante. A via judicial é morosa, mas o pessoal da oposição onde transitam diversos advogados são sabedores desta lentidão.

Falei neste mesmo espaço, inclusive com a vascaína Paulla algum tempo atrás que o nosso maior ídolo, talvez não fosse o ideal, em um confronto verbal com o dono de São Januário, sairia em desvantagem dado a truculência com que se pronuncia tal dirigente. Dinamite passa para alguns torcedores como um sujeito, que senão submisso, pelo menos bastante tímido. Somos, concordo com vocês, uma torcida, aqui me incluo, com exagerada passividade, deixo claro que não prego meios violentos para a derrubada da situação reinante em nosso estádio. A via eleitoral ou em alguns casos o apelo para a justiça são instrumentos válidos.

Acho que por ora, vale qualquer manifestação, precisamos deste meio para extravasar o que nos incomoda. Sempre resolve qualquer desabafo, por isso, é desabafo, não pretende nada além. Uma válvula de escape. Mais do que nunca é preciso dizer...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Conversas silenciosas

Olá! Estou de volta ao meu novo espaço, desta vez, para colocar em exposição um texto com sabor de poesia, oriunda de meus escritos. Tenho resistido fazer este tipo de gênero, pois além de não escrever poesia, estou distante do ato de poetar. Ou por outro lado, são rascunhos, rabiscos, ou exercícios de minha escrita que apresento aos amigos.
Algumas de minhas amigas e principalmente Marilene, leitoras do que escrevo, sempre me estimularam para publicar com mais freqüência o que forçosamente chamo de poesia. Se é ou não, para mim basta que eu identifique como tal. E vou seguindo na fila, sem muita divulgação, produzindo meus escritos, agora em dois espaços. E nesta divisão contemplei a cada um dos netos com um espaço. Ora pra um, ora pra outro.
Como no blog Quitanda
dei preferência para colocar como moldura trabalhos de diferentes artistas e apenas com o intuito de divulgar manifestações destes artistas plásticos brasileiros; em Esquinas do Tempo pretendo concentrar em artistas que trabalham com gravuras ou xilogravuras. Vez por outra, artistas estrangeiros serão escolhidos. Todos aqui em exposição parte da idéia simples, a beleza transmitida por estes artistas, no entanto, foi o meu gosto que deu rumo as escolhas. Com este intuito tenho procurado na internet o material para deixar em exposição. Optei recentemente por resumir os dados biográficos dos artistas para atender aos possíveis leitores, tal decisão somou-se a preocupação por não se tratar especificamente de um espaço dedicado as artes e sem estas características, alimentar um público interessado e ou estudioso de modo precário. Acho que na internet através de pesquisas ou no site dos artistas elencados neste espaço, caso tenham interesse em explorar com mais detalhes a arte e o artista, o caminho sem dúvida é este.
Obs: Não se espantem se ao visitarem este blog, esbarrarem em um escudo do meu time ou material pertinente que tenho produzido a cerca dele. Resolvi deixar neste blog, assuntos desta e outra natureza.

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Conversávamos em silêncio

Debruçados em um papel

Em branco.

Ficamos distraídos

Colorindo sonhos

Monótonos

Desenhando borboletas azuis

Escrevendo por linhas tortas

Com sabores do passado

Nossos melhores.

Momentos foram

Construídos pelas ilusões passageiras que

Vagavam

Entre nós

Apertadas

Entrelaçadas

Aos nossos corpos

Opostos

Mergulhados no vazio

Profundo.







Glênio Alves Branco Bianchetti - Gravador, Ilustrador, Pintor, Tapeceiro e Professor. Considerado pela critica como um dos artistas mais completo de nosso país. Seu primeiro livro editado foi prefaciado por Ferreira Gullar. Nasceu em Bagé, no ano de 1928. Um dos participantes na criação do Clube da Gravura de Bagé ao lado de vários artistas,dentre eles: Glauco Rodrigues, Vasco Prado, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Rascunhos dispersos

Não tenho muita facilidade para escrever, demoro um pouco, as idéias surgem e desaparecem com a mesma rapidez, por exemplo, de um raio a iluminar o céu. Penso e repenso, escrevo rabiscos para logo em seguida, deletar tudo. Apago muitas vezes sem deixar vestígios. Persigo idéias e também ao contrário elas insistem em me perseguir, mas todas por incrível que pareça acabam por escapar, me abandonam sem nenhuma hesitação. Estão sempre prontas, preparadas para que aconteça qualquer relaxamento de minha parte, para saírem em busca de idéias e companhias mais interessantes, fora deste espaço.

Não tenho o menor cacoete que sinalize que sou um escritor, ou um blogueiro, faço um enorme esforço para ser um deles. Às vezes quando sou um, deixo de ser o outro. Sem muita intimidade com a gramática e com a arte de escrever, vou como melhor entendo, escrevendo sob a forma de rascunho. Aos trancos e barrancos. Catando palavras aqui e ali, vou juntando, colecionando, mas não as deixo aprisionadas, são livres e soberanas para fazer o que quiserem. Coloco-as em um espaço sem limites.

Escrever é uma atividade solitária restrita basicamente para quem constrói um texto escrito, que se pressupõe de imediato a figura de um leitor. Para evitar surpresas tenho sido leitor primeiro de meus rascunhos. Mesmo com esta condição não me isenta de uma avaliação imparcial.

Trabalhei em editora, fui editor e timidamente editei alguns títulos, alguns lograram êxito, mas não tive fôlego para dar continuidade com a edição de livros. Arquivei meu projeto bem guardado, cimentei qualquer possibilidade de retorno.Fui enquanto pude distribuidor de livros.

Sempre que tenho um texto diante de mim, penso, ou melhor, vivencio o mesmo momento, que tempos atrás eu lia um texto que me chegava às mãos. Li e relia originais mais de uma vez, duas ou três, sei lá e passava adiante para outra pessoa ler.

Aqui o que produzo para este espaço peço para minha adorável companheira Marilene por mais de 30 anos assuma a condição de leitora daquilo que escrevo, mesmo que seja sem eira nem beira. Sua capacidade crítica e de discernimento permitem que faça um julgamento criterioso, sem se contaminar pela relação de companheirismo.

Confio muito em sua avaliação.Para o meu texto evoco um número maior de leituras e releituras, vou deixando fluir sem nenhum cerceamento as minhas idéias, mesmo desarrumadas, ou fora do lugar, para configurar algo que me possibilite dar prosseguimento ao ato de escrever.

Sou leitor de mim mesmo, como se eu estivesse diante do espelho. Tenho vontade de escrever, desde garoto, assim que foram emitidos os primeiros sinais de que eu tinha vontade de escrever, de ser jornalista e escritor. Não fui uma coisa nem outra.

Tive um desvio de percurso na adolescência vivida na Tijuca ao ficar empolgado e lidar com formas diferentes de pensamento, das leituras que eu vinha fazendo, foi à motivação maior para fazer ciências sociais. Comecei a subverter o meu mundo, passei a ter uma visão mais contestadora da realidade, percebia com clareza as discrepâncias sociais, as diferenças de classes e gostos.

Comecei a juntar livros, palavras e idéias. Produzi escritos restritos a concepções românticas e poéticas de minhas leituras do mundo, das coisas em minha volta. Meu poetar tinha influências dos poetas editados pela Civilização Brasileira, da poesia social e dos romances. As idéias soltas e com o pensamento receptivo as novas idéias, acabei por me transformar em um militante com as idéias e ideais em um partido. A sociologia passa a fazer parte de minha vida.

Continua

Ps:Oswaldo Goeldi
Artista nascido no Rio de Janeiro, em 31 de outubro e falecido na mesma cidade, em 16 de fevereiro de 1961. Filho do diretor do Museu Paraense Emilio Goeldi. Ilustrador de livros, revistas e periódicos. Foi também gravador, professor e desenhista. Desde de 1923 se dedicou a Xilogravura. A obra do Mestre Goeldi é muito rica, bonita e deve ser consultada, inicialmente em sua página. Há imagens e referências ao artista em diversas páginas da internet. A imagem exposta foi retirada como reprodução deste site A curadoria de obra está sob os cuidados de Ricardo Barradas e a sobrinha do artista, Lani Goeldi.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uma vitória sobre a estrêla solitária


Até que enfim, conseguimos uma vitória sobre o Botafogo no último domingo. A coisa tava ficando preta. Tem sido um sufoco os nossos jogos, a apreensão e a inquietação tomam conta de mim neste período. É verdade que penso em certos momentos de apelar para rezas de todos os tipos, para Todos os Santos e aos Deuses do futebol. Até mesmo para os craques que não estão mais aqui, para que encarne em algum perna-de-pau; sei que alguns amigos, chamariam a minha atenção, alertando que seria no plural a referência de jogadores nesta condição em nosso time. Que assim seja, são muitos, mas com certeza, livraria a cara de alguns, como Conca e Leandro Amaral. Com boa vontade incluiria o Perdigão como um bom jogador. O resto é o resto. Romário ia até esquecendo está mais para estátua do que jogador atuante. Não passa para nós nem a certeza de que vai jogar. É um grande craque que atrai mais o dim dim e o brilho dos holofotes do que a bola. Creio que o caminho que está vislumbrando e com certeza em outro espaço conseguirá com brilhantismo desempenhar novas conquistas. O homem é bom em quase tudo que faz. Não embarca em furada.

Não assisti ao jogo, não comprei a assinatura do pay per view. A grana está curta. Há muito que não vou aos estádios, desde que morei em frente ao Maracanã, nas imediações do portão 18. Ficava apavorado com as cenas de violência que presenciava da janela do apartamento ou mesmo quando transitava na rua, rumo ao estádio, tais acontecimentos me ajudaram a decidir que para preservar a minha família o melhor seria mesmo assumir a condição de ouvinte ou quando possível assistir pela televisão. Maracanã ou São Januário só quando mudar a situação política, econômica e social do país, e por tabela o poder instalado na Colina, deste jeito, penso que tão cedo não irei a um estádio exercer o meu direito de torcer pelo meu time.

O Vasco ultimamente mudou para pior, pois há muito tempo, quando havia um confronto contra o time da estrela solitária , eu já aguardava confiante uma vitória, diria sem nenhum exagero são nossos fregueses, o meu sorriso tomava 98% da minha face, o resto ficava por conta das adversidades. Hoje se dá justamente o contrário. Os três resultados de uma partida o nosso Vascão por razões explicadas talvez pelos dirigentes, o time apenas insiste em privilegiar a derrota. Resultado é muito desconfortante para o torcedor vascaíno, sujeito ao deboche e outras brincaderinhas promovidas pelos adversários. Lembro com ares de preocupação não estamos livres, qualquer deslize pode ser fatal.

O momento vascaíno pode ter fortes vínculos com a situação que vivencia o nosso time, uma incerteza quanto à legitimidade do exercício da presidência pelo dirigente vascaíno. O time me parece reflexo real do que acontece no espaço de São Januário. Se tivéssemos uma direção mais democrática, receptiva, antenada com a modernidade, creio que teríamos mais torcedores vascaínos. A mídia maltrata muito o nosso clube. Continuamos refratários na aproximação de anunciantes, fechados para entrevistas, jogadores esquivam-se da imprensa, com esta postura a tendência é cada vez distanciarmos de futuros torcedores e patrocinadores. Precisamos de visibilidade.

O vascaíno hoje mesmo conseguindo vitórias, continua sendo derrotado. Até a vitória final.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Escritos de um cruzmaltino.


Não tem jeito! É mesmo um time medíocre, conduzido por um técnico da mesma grandeza, porém, acho que a diretoria deve dividir os louros desta fama. Celso Roth tem demonstrado sua verdadeira capacidade de fazer o nosso time, um time vitorioso, conquistador das mais espetaculares derrotas, todas fundamentais para se chegar com brilho a onde estamos. A mídia nitidamente urubulina, em orgasmo, agradece.
O que assistimos no último confronto com um time argentino, foi o preclaro “professor”, muito lúcido analisar a partida, credenciado por inúmeras derrotas alcançadas e sob uma retórica que por conveniência, omite uma irregularidade cometida por um dos nossos melhores craques, que é o genial craque Roberto Lopes. O outro Roberto pode estar em depressão por constatar que neste time há mais craques do que ele. Peço desculpas à torcida vascaína por não citar outros talentosos e inigualáveis craques que infestam o time da colina. Aliás, nosso prezado “professor” está certo, deve apontar fatores externos que contribuíram para este estado de coisas. Daí a diretoria sempre antenada com os anseios da torcida, declara a permanência do "professor". O time do Vasco que é bom, assim entende a diretoria, os outros times que são ruins. Segue firme, com garbo e com a cuidadosa preocupação de evitar maiores estragos, mesmo que seja em queda livre, rumo aos objetivos traçados, ou seja, de ir triunfante para a zona de rebaixamento, fato se alcançado, não manchará sem dúvida a nossa gloriosa história, pois o que supostamente pretende nunca foi realizado. Será que este momento se aproxima?
Imagino sinceramente que este time, reúne condições para tal. Não é muito difícil e parecem dispostos a vivenciar uma possível passagem para a segundona, craques é verdade, nós temos em excesso, vontade coletiva e acredito que seja desejo de muitos de nossos jogadores, passarem por esta experiência, salvo os possuidores de DNA cruzmaltino, que rejeitariam qualquer sedutora proposta vinda do estrangeiro,de pés juntos jurariam eterna fidelidade ao clube. Devemos considerar, se o Flamengo passou ou passa por isso, ou seja conviver por um tempo na zona de rebaixamento, por que o Vasco, não haveria de ter este privilégio de perseguir o time da mulambada neste intento? Temos dirigentes, técnico e elencos prontos pra realizar tal tarefa. Um campeonato a parte, para iludir a torcida, incentivado pelo mandante do clube da Colina estaria em evidência, obteria altos lucros, empresas se ofereceriam para patrocinar o nosso time. Quer coisa melhor? A demonstração do maior Vascaíno de todos os tempos com muito esforço contratou o talentoso “professor”, de carreira vitoriosa, apto e submisso aos ditames do ditador. Sabemos todos que o clube “vitorioso”, freqüentador da mídia, eleito por 10 em cada 11 brasileiros, como o time mais popular do Brasil, serve de modelo para o nobre dirigente vascaíno, daí sempre contarmos em nossas fileiras com algum importante jogador com passagens pela urubolândia. O homem possui uma compulsão para gerar um afago em nosso maior adversário. Para alguns ingênuos torcedores trata-se de uma estreita visão de um dos dirigentes mais inteligentes, jamais visto em nossa pátria de chuteiras, para produzir uma competição circunscrita a um único competidor e jogar para a galera, a importância a nível internacional de uma simples disputa entre os rivais.
O sábio dirigente, dono de um discurso revestido de sua forma mais arrogante, autoritária que tem o objetivo de conquistar e colecionar vitoriosas derrotas, segue inabalável, imutável diante de todos, em especial da torcida que por ela tem o maior apreço e consideração. Sempre ouvida, raramente enxotada. Não sejamos cúmplices desta diretoria, cabe apenas aplaudir, se esta fatídica situação acontecer, pois aos olhos desta singular gestão que está acima de todos, são mais vascaínos do que os vascaínos, nos ofereçam este título, que pode ser o primeiro e único em nossa história a conquista da segundona se formos derrotados e passarmos para a etapa seguinte, com certeza, não será culpa de Eurico, o genial dirigente vascaíno.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Vasco: Um time medíocre.


Depois de um longo tempo como blogueiro e identificado como vascaíno em meus blogs, resolvi pela primeira vez, fazer um comentário sobre o meu time neste espaço, pois, vez por outra escrevo ou narro meu protesto pela situação do clube em sites vascaínos. O que está exposto nesta Esquina, foi publicado pela manhã no site Supervasco.

A situação pela qual passa o meu time, tem estimulado a minha inquietação, indignação, que traduziria mesmo por uma revolta quanto ao modo de gerenciar/administrar o Vasco. Desde que o "dono do clube" assumiu as rédeas do comando da Colina que a coisa degringolou em ritmo célere. Parece que temos conquistado derrotas com muita vontade, brilhantismo e esmero incomum.

Tem sido corrente entre os vascaínos o reconhecimento do time pela sua condição de medíocre, sem valor, sem garra, propenso a conquistar derrotas ou empates na mesma grandeza de uma eventual vitória. O elenco do Vasco atual provoca no torcedor uma grande desconfiança, sintomas de delírio e a certeza de que a qualquer momento passaremos por graves dissabores. Prefiro agora deixar os meus três leitores o texto que escrevi para apreciação.

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Time medíocre, não há intenção de vitória. Creio que o objetivo do treinador é levar o nosso time para a segundona. Com certeza será uma vitória. A segundona, a eliminação da copa ou de qualquer outra disputa que o Vasco participe está fadada ao fracasso. Imagino que os jogadores estejam sem receber, tal a inércia em campo, claro, além da ruindade. Uma gestão retrógrada, autoritária comandada por Eurico só poderia espelhar o que acontece em campo. A que ponto chegamos! A oposição é movida por almoços, não conseguem neutralizar os desmandos do Eurico. Oposição desgastada, assim como a imagem de nosso eterno ídolo. Não esboçam reação. O treinador com graves sinais de insanidade, que pode ser percebido no modo de armar o time. Há uma enormidade de erros de passes. É vergonhoso. Enfim, o "professsor" tem conseguido conquistar derrotas, o que não deixa de ser um grande mérito. O nosso sabor de vitória, de alegria está muito difícil de acontecer, pois a administração euriquiana se prevalece das formas mais espúrias para se eternizar no poder, ocupada em várias áreas de São Januário. Todo jogo que assisto me leva a certeza da derrota, não há empenho, interesse, garra dos nossos craques, excepcionalmente, ou em casos isolados, por destaque de Leandro Amaral ou Conca, que nos promove apenas uma ilusão passageira. Estou cético, não vejo nada de imediato para que possa despejar esta turma que envergonha o Vasco. Pelo jeito teremos que aprender a conviver por mais algum tempo com quem denegri, emporcalha, envergonha, avilta e nos trás dissabor. O nosso dirigente consegue ficar refratário com tudo a que estamos assistindo. Vascão, até a vitória final.

Ps: Em próxima oportunidade pretendo publicar a conclusão do conto.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O Homem e a sua bolsa - Primeira Parte

Caminhava para o ponto de ônibus, atravessou próximo aos Arcos da Lapa, fez um sinal de saudações com a cabeça ao avistar um velho amigo em pé, diante da entrada do Plaza, deu uma rápida passada pela Livraria Página, na Rua das Marrecas. Ao voltar, algumas mulheres estavam ali na esquina, olhou e não encontrou quem queria encontrar. Seguiu pela rua do Passeio, passou sem olhar as vitrines da Mesbla, o que dificilmente faz, pois passa vez por outra na seção de discos, estava atrás do último LP de Clara Nunes, Brasileiro Profissão Esperança pela Odeon, tampouco reparou o cartaz da peça de teatro, olhou por instantes o cartaz do filme estampado no Cine Palácio e dobrou à esquerda na Rua Senador Dantas, parou em frente ao cinema Vitória, colocou a mão no bolso e pegou as moedas de um troco que tinha juntado para comprar algumas revistinhas de passatempo da Tecnoprint.

Pediu desculpas, ao dar um encontrão, para uma das moças que circulavam pela calçada em busca de companhia. Viu quando o ônibus 136: Leopoldina-Bairro Peixoto, acabava de sair do ponto. Mudou de idéia, não iria para casa naquela hora. Por pouco teria esquecido de um encontro. Chegaria bem mais tarde, não daria tempo para assistir ao Bem Amado na televisão. Nem ligou para as louças jogadas na pia do dia anterior, véspera de um jantar aconchegante com Simone, que lhe fez companhia durante toda a noite, que pela manhã saiu não sem se despedir como de costume, pegou o dinheiro deixado reservado na gaveta da escrivaninha, fechou a porta devagar, desceu pelas escadas. Simone evitava ser vista ao sair do apartamento, às vezes encontrava com seu Manuel, o porteiro lavando a calçada, cumprimentava e seguia rumo ao ponto de ônibus. Duas vezes por semana, tinha este encontro marcado.

Voltou a chover ao anoitecer. Detestava usar guarda-chuva, preferia a velha capa. Era o último dia do mês. A chuva aumentava de intensidade no centro, as ruas com bueiros entupidos, começavam a ficar alagadas. As obras na cidade tumultuavam o ambiente, era um caos.Obras do metrô esburacavam a paisagem. Um grupo de pivetes passou correndo por ele, chegou a ficar assustado. O pagamento saiu no final do dia. Tinha sido descontado o vale, pego em uma emergência. O que recebia não dava para muita coisa de extraordinário.

Olhou de um lado ao outro da calçada, também para o relógio e não viu quem esperava. Pudera, não estava ali. Ele pela segunda vez, voltara ao mesmo local. Conseguiu com dificuldades falar ao telefone, depois de várias tentativas, ninguém atendia.Economizou as fichas que havia comprado.

Comprou Dulcora misto, era um hábito, colocou no bolso da calça. Na Cinelândia ficou em dúvida qual filme assistiria, se no Pathé ou Capitólio. No cinema Orly na Alcindo Guanabara, a sessão havia começado, ainda viu o último espectador, um senhor, passar pela roleta. Desistiu. Atravessou a rua, rápido no meio do trânsito. Se ela tivesse aparecido, poderia assistir a um lançamento no Metro Boavista. Tinha lido uma resenha de José Carlos Avelar no Jornal do Brasil. Antes tinha passado pelo Cine Rex, na Rua Álvaro Alvim, não gostou do filme em cartaz; resolveu tomar cafezinho e pedir um maço de Minister. Pretendia ir ao cinema e estava em busca de sua companhia. Não esperou acabar o café, acendeu o cigarro. Estava inquieto, preocupado.O relógio da Mesbla, parecia marcar o momento de espera, dez minutos ou meia hora, não fazia diferença. Não tolerava atraso. Costumava ser pontual, ela não.Acendeu outro cigarro. Outro em seguida, desta vez, pigarreou. A chuva havia parado. Desviou das poças e seguiu o seu caminho. O seu caminho de volta. Preferiu pegar o ônibus na Cinelândia, ficou aguardando por um bom tempo, enquanto assobiava Gândola, Vila Morena.

Aquele homem franzino, de passos ligeiros, uma rala barba no rosto, estava sempre com aquela bolsa a tiracolo. Havia uma grande curiosidade da parte de alguns vizinhos e colegas da firma, piadinhas rolavam, no momento em que passava. Simone da última vez que estiveram juntos, também ficou curiosa, chegou a comentar com ele. Dava de ombros, não ligava. Andava com aquela bolsa, parecia fazer parte do seu corpo, em qualquer lugar que fosse, estava com a bolsa, até mesmo no banheiro, era a sua companhia inseparável para aqueles momentos de privacidade. Parecia - comentou Helena sua colega pela parte da manhã no escritório - que o seu mundo estava ali guardado, escondido, carregado. Não poderia ser visto. Estava vedado a curiosidade alheia.

Observação: Imagem exposta pertence ao acervo da artista plástica paulistana Niobe Xandó. Nascida em Campos Novos do Parapanema, em 1915. Importante e talentosa artista, com exposições em nosso país e no exterior. Dona de um acervo muito rico e com características muito especiais. Produzindo em óleos e acrílicas sobre tela, trabalhos em serigrafias, em nankim e caneta sobre papel, que foram expostos no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Os trabalhos podem ser examinados em sua bela página. " O Suicida", 1957 - 16 x 21 cm

Continua.