quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A Galinha Dondoca e sua amiga Zuzu




A galinha Dondoca vestida sempre de branco, estava tomando conta de um dos filhos de sua amiga de longa data, que teve de sair de madrugada com urgência em busca de emprego. Estava ficando difícil para a sua amiga, ainda mais que tinha separado recentemente. Seu companheiro abandonou o lar, a merreca que conseguia, era lavando as charretes, depois levava para gastar no bar da Tia Coruja. Todo dia chegava bêbado e cada vez mais quando se aproximava o final do mês piorava em muito a vida dentro de casa, com uma briga atrás da outra.

Uma noite de lua cheia, chegou tarde, espoletado, mais bêbado do que seu amigo gambá, que acabara de deixar o velho amigo na porta de casa. Dudu mal conseguia acender a luz, tropeçou em um brinquedo e por pouco não caiu. Com raiva achou que a culpa era de Zuzu que não cuidava da casa, deixava tudo espalhado. Deu um chute na porta trancada, pegou uma peixeira que estava escondida e foi em direção da companheira e dos filhotes, foi uma confusão total, penas para todos os lados; chegaram os vizinhos acompanhados por dois pastores policiais e um sargento cavalo, que estavam de plantão nas cabines, que por sorte patrulhavam o local. Solícitos partiram correndo atrás do velho peru, conhecido biscateiro da comunidade do Rato Malhado, vizinha do Buraco do Boi de um lado e do outro com o Morro do Pinto e o Caminho da Lacraia. Passou uns dias em cana, assim que saiu, ninguém sabe, ninguém viu. Um mês depois aparece em casa todo serelepe, como se nada tivesse acontecido.

Assim deste jeito o amor foi acabando, as crias crescendo e a distância entre eles aumentando. Não se cumprimentavam mais, os pintos quando o viam chegar; assustados corriam para debaixo das caixas de papelão. De manhã para não ver Zuzu, ele cismava de olhar para o chão, ignorando a presença de sua companheira, a galinha Zuzu. A vida naquele galinheiro estava chegando ao fim, cada um para o seu lado. Um belo dia saiu para comprar cigarros e não voltou mais. Deixou os filhotes e despesas para a sua companheira, que sem tostão e sem pataca, acabou por pedir emprestado aos amigos.

A boa vida que a sua amiga Dondoca levava, não leva mais, agora como aposentada, perdeu várias regalias, mas tinha um coração sempre aberto para ajudar as amigas necessitadas. Zuzu uma galinha caipira era uma de suas melhores amigas de infância. Sua vida era de sacrifícios, cheia de pés de galinha, sem alguns dentes, sem nenhum cuidado. Houve um dia, lembra Dondoca que ao sair em busca mais uma vez de emprego, acabou conhecendo um gavião, todo emplumado, todo prosa, acabaram se juntando e foram morar na roça, lá pelos lados do Matão. Dois galos que cantavam em praça pública, avistaram Zuzu na companhia de dois pintinhos, toda elegante, desfilando e nem parecia aquela que morou na comunidade do Rato Malhado. Toda diferente com as penas douradas e sapatos bico fino prateado.

Zuzu deixara os filhotes, na casa das amigas, nunca mais voltara para saber deles ou fazer uma visita as suas amigas. Zuzu vivia uma nova vida ao lado do gavião, político militante do partido do Sapo, dono de bancas de jogo do bicho. Mandava no pedaço, contratou até uma raposa, para ser segurança de Zuzu; meses depois de viver desfrutando do bem bom, uma nova vida; em uma nebulosa manhã, não resistiu ao sofrer vários golpes na cabeça, ser depenada com truculência, seu corpo foi abandonado em um hospital abandonado distante da comunidade do Rato Malhado. Suspeitas de tamanha violência pode ser uma raposa que foi contratada para sua proteção e encontra-se foragida.


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