sábado, 8 de dezembro de 2007

Hoje tem espetáculo: Vai começar a brincadeira. Ficção Animal












Dr. Coelho espalhava que fazia tudo e sempre em prol da comunidade do Rato Malhado tinha um carinho especial por estes moradores da periferia. Certo dia, Coelho pulou da cama bem cedo, beijou muito entusiasmado sua Coelhinha na testa, deu uns beliscões em uma das partes do corpo de sua companheira e saiu plantando bananeiras. Como exercício mental e matinal desviou das cercas e grades instaladas em sua toca; cumprimentou com um chute um cachorro doido que tocava viola encostado a um poste, espantou um morcego assobiando bem alto. Correu atrás de uma velha galinha, achando que ela ainda dava um bom caldo. Chutou baldes e canecas que estavam espalhados em seu caminho, pulou com maestria um despacho, posto na esquina e seguiu célere dando sonoras gargalhadas e socos no ar para alegria dos passantes.

Além da cenoura, comeu muito capim, quando voltou da corrida em volta de si, olhando apenas para o espelho. Treze minutos depois, começou a malhar no ferro e no velocípede. Ingeriu vitaminas e folhas. Alongou as pernas e as orelhas. Como hábito do oficio adquiriu uma mania de cumprimentar todo mundo, este vicio surgiu durante a campanha política que fazia ao disputar o cargo de prefeito. Outro vicio criado em sua trajetória como candidato era ao avistar qualquer filhote, tinha a qualquer custo pegar no colo e tirar fotos para a posteridade. Depois de eleito nem lembrava dos eleitores nem de tais gestos de afago. No entanto, não esquecia, aparecia sempre nos veículos de comunicação, para preservar a sua imagem de um bom prefeito; empolgado mandou imprimir várias fotos coloridas em 3x4, ao lado de um papagaio de pirata e enviou para as rádios mostrarem aos seus ouvintes. Fotos autografadas e com os dizeres: Um coelho louco pela comunidade e sempre ao lado dela.

Assim foi levando na conversa vários animais. Para obter votos fazia o possível e o impossível. Até nadar de costas em um rio cheio de jacarés e piranhas. Dr. Coelho de posse de uma prancha se exibia, fazendo estripulias, conseguiu sem muito esforço uma enxurrada de votos e foi eleito. Era comum ouvir declarações de votos: Tô com o Coelho e não abro! Coelho lá e eu aqui! Uma borboletinha, muito bonitinha, toda arrumadinha cantarolava para alegria de sua mãe e da multidão ensandecida: ”Coelhinho, se eu fosse como tu, tirava a mão do bolso e enfiava a mão no... “

Um grupo de animais endinheirados, filhotes dos proprietários das melhores e maiores estrebarias, inventaram uma brincadeira muito divertida, que consistia em acertar a cabeça oca do prefeito com ovos podres, toda vez que passeava pelo calçadão; aquele que acertava era considerado por muitos da tribo como um verdadeiro craque. Dois exímios jumentos foram os ganhadores da competição, cada um deles acertou com cinqüenta ovos a orelha e a cabeça oca do prefeito.

Assim que chegou por volta das dez horas em seu gabinete, bastante cansado, aproveitou para descansar e ficar olhando para o teto. Só então começou a enrolar o mais que pode os fios de ovos e de arames espalhados em sua mesa; jogou os diversos papéis na caçamba, montou um castelo de cartas, só então percebeu que uma bala dulcora espatifou na vidraça de seu gabinete. Gritou pelo segurança, que não respondia, estava ausente; uma zebra que passava na hora, lembrou que o doberman, funcionário exemplar entrara de férias e a secretária abelhuda estava providenciando um substituto.

Deu bom dia ao cavalo, que foi indicado para substituir o doberman. Consultou sua agenda e passou a convocar o seu secretariado para uma reunião em seu gabinete com seus auxiliares diretos e indiretos, dentre eles uma anta, dois camundongos, uma coelhinha assistente em assuntos genéricos, um papagaio, duas capivaras, cinco arapongas e um porco. Pensaram e repensaram em fazer uma homenagem aos torcedores fanáticos da comunidade.

Dois dias depois sob a calada da noite e de modo sigiloso, resolveram elaborar um minucioso plano e fazer uma surpresa aos torcedores abutres, anunciando sem mais nem menos, que doravante, esta fiel torcida de abutres, será tombada como bem cultural da Terra de Santa Cruz da Bicholândia. O esperto Coelho Cri Cri, ao lado do urubu malandro, convocou a imprensa para uma coletiva. Com os holofotes acessos, com as atenções voltadas para ele, aproveitou o momento, entrou no picadeiro, subiu em um engradado de cervejas e iniciou o seu discurso oficial embaixo de uma lona remendada: Senhoras e Senhores! Respeitável Público! Vamos dar inicio a mais um grandioso espetáculo do crescimento da comunidade. Nossa administração municipal tem muito a ver com o circo. É inegável nossa semelhança. O que seria de nós se não houvesse palhaçadas. Somos palhaços das perdidas ilusões. Pisamos neste chão de estrelas, em que a estrela maior, sem dúvida são vocês, meus queridos eleitores. A partir de hoje daremos pão e circo. Pérolas aos porcos e milhos para os galináceos. Os animais que quiserem poderão viver na corda bamba. Quero ver o circo pegar fogo, gritou um gambá prá lá de bêbado interrompendo o evento. A guarda municipal pegou o gambá pelo cangote, deu duas pancadas no lombo, uma rasteira e pôs para correr com o bicho para fora do recinto. O espetáculo mal tinha iniciado e apareceu logo um gambá para fazer graça.

* Imagem extraída deste interessante blog. Sala da Mãe Joana.

Um comentário:

Diego Louzada disse...

Ola Wilton, muito obrigado pelo seu comentário no Blog "O Sentimento não pode parar". A aliança entre o Romário e o Eurico tá ligada àquilo que hoje move nosso país. Dinheiro e poder. A ditadura de Eurico Miranda no Vasco só traz malefícios ao clube, mas infelizmente creio que ele só sai de lá se fora por ordem da justiça. Como a justiça no nosso país, não ajuda muito, podemos ter que aturá-lo por mais alguns anos no Vasco.
Grande abraço e sds vascaínas!