sábado, 29 de março de 2008

O Vasco, um dirigente, uma nova eleição e dois jogadores.


"Não estou indo para o trabalho, mas eles também não estão me pagando". "E a amizade continua..." É o que se pode compreender, ou pelo menos é o que se pode olhar para o cenário de onde foi instalada a crise de relacionamento do jogador Romário com o dirigente cruzmaltino. Claro que muitas coisas não são visíveis, são mais complexas, há algo no ar além dos aviões de carreira. "Foram divergências de opiniões", explica de um lado e assim cada um pode entender como quiser. O mais interessante do meu ponto de vista foi a "rasteira", ou a bola entre as pernas, dadas no dirigente que do alto de seu discurso autoritário afiançava e pregava aos quatro ventos de que o jogador retornaria ao clube e nele encerraria a carreira em grande festividade. Acredito que tenha sido pela intromissão do dirigente no elenco, de modo autoritário, impondo a escalação de um jogador que motivou o nosso craque a ficar ausente e afastado do clube e não pela falta de compromissos do clube na falta de pagamento como declara o jogador na entrevista. Isto além de ter sido uma das minhas indagações, não produziria pelo status econômico do jogador, um efeito tão devastador ao clube. Mesmo que seja por milhares de trocados a receber. Uma amizade como foi desfrutada e propalada entre eles, com encômios de um pro outro, o dinheiro seria de somenos importância.
Lendo a entrevista feita por Marluci Martins, publicada pelo jornal O Dia, observamos em uma das passagens, quando perguntado sobre a possibilidade de algum acordo com o Vasco, afirmou: " Não. Não volto mais para o Vasco." Para mais adiante ser perguntado: "Você está convicto de que parou de jogar?" "Estou", "Não jogo mais"; para na pergunta seguinte, ser indagado "Nem você esperava isso agora, não é?" Com uma resposta bem elucidativa, o jogador declara: "Cada um tem o que merece. De repente, era isso que eu merecia". Parece ter sido o residuo deixado desta relação, que foi encerrada de modo abrupto. Que os dirigentes negam com veemência que existiu, mas não conseguem esconder que ficaram confusos com o comportamento do craque. O contrato do jogador encerra no próximo dia 30 do mês de março, até o momento em que escrevo, não deu as caras.
Como o jogador é extremamente egocentrico, não consegue imaginar o mundo de forma diferente, assim, para cada veículo de informação presta uma declaração, diz uma coisa em um, para negar em outro e assim vai levando a vida. Com declarações deste tipo, provavelmente instalou o desespero no dirigente cruzmaltino, a possibilidade de encerrar a carreira no rival seria o fim do mundo para quem de maneira servil, submissa e obsessiva, alimentou a idéia de que o jogador lhe deve favores e desta forma como compensação, é no clube que encerraria a carreira. Pouco importa com que pensa os outros, jogadores e torcedores, está se lixando para quem quer que seja, sua postura como dirigente que nutre uma idolatria pelo jogador, era e é de afiançar qualquer vontade e estrepulias do jogador, daria pelo mal comportamento como "pai" e não como dirigente, puxões de orelhas e alguns cascudos, dispensaria o uso de palmatórias. Acho que o jogador deve ter os privilégios, fez por merecer, mas não os exageros permitidos que podem gerar desconforto entre o elenco. Um é tratado no colo diante do espelho e sob os cuidados "paternos" , o outro à chibatadas. Dois craques com tratamentos bem diferentes. Um endeusado o outro defenestrado. Tudo pela permanência e eternização no poder.
O dirigente imaginou que a troca de favores se daria desta maneira. Fez vários mimos, até o elegeu como técnico, erigiu uma estátua e tombou a camisa 11, é dele e ninguém tasca. Passou por mim a música que tocava nos tempos de minha juventude, composta por um vascaíno : "Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também". Assim de promessa em promessa selou com garantias o compromisso de realizar o último jogo da carreira do jogador, sua despedida dos gramados em um jogo festivo no clube que de algum modo o projetou.
A proposta do Vasco não seduziu de todo o egocêntrico jogador, que quer mais, além dos holofotes. O rival acenou com boas possibilidades para o projeto pessoal do jogador, luzes e palco, mais as regalias de sempre e outras coisas que o Vasco foi incapaz de oferecer. Naquele momento foi tudo o que ele desejava, às portas do rival estavam escancaradas para os seus projetos e realizações profissionais, após o término da carreira de jogador. Com um bom trânsito no rival, além da simpatia como torcedor urubulino e sócio proprietário, produziriam os efeitos de marketing que necessitava e que não encontrava respaldo no clube cruzmaltino. O jogador acenou com grandes possibilidades para realização desta badalada despedida no badalado clube da zona sul da cidade. É o casamento ideal, muitos acreditam que foram feitos um para o outro. Pelas caracteristicas da mídia, o espaço cedido ao evento para o rival; seria imagino bem maior, ganharia força, mais projeção e badalação. Ainda podemos ler ou ouvir declarações: "Não parei. Estou desempregado e esperando receber propostas". O que será que o dirigente cruzmaltino ainda pode acenar com propostas para o jogador, se as oferecidas não lhe agradaram? Não sei responder. Um dos vices do clube comunicou que o jogador "ficou um mês de licença e ainda não nos comunicou sobre o seu futuro".
Um futuro negro com toda certeza não vai ter."Com a diretoria não ficou nenhum problema", "não restaram mágoas". Eles não poderia dizer de outra forma, pois do contrário teriam de confirmar que "você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão" e o dirigente teria de chorar diante de nós, como um sujeito traído e abandonado, pior, ter de reconhecer a existência de um rival cheio de galanteios , de fino trato, disposto a oferecer muito além da imaginação. E foi por esta desagradável situação que o dirigente cruzmaltino ficou diante do rival, passou a ser preterido, sujeito aos ditames do "Baixinho". Agora você é quem manda, reconhessem, assim os dirigentes ficam de prontidão para aguardar as novas ordens para realização do antigo sonho, mas para o momento está mais para pesadelo do que qualquer outra coisa.
O jogador sabe que ao se posicionar favorável com a proposta do rival, e atraído por ela , pode sem sombra de dúvidas ter deixado "espumando", magoado, irritado, decepcionado com o seu parceiro, seu "amigo", seu "filho", grande aliado e gozador dos maiores privilégios dentro do clube. Era uma das poucas coisas "boas" que o dirigente poderia espelhar como símbolo de sua gestão, daria projeção que necessita, mas por transitar na mesma faixa de egocentrismo do jogador, repartiria um pouco das glórias alcançadas pelo jogador, daí a insistência para a realização deste evento. O Vasco até então, tinha Romário como uma arma poderosa para o dirigente enfrentar eventuais inimigos opositores de sua permanência no poder. Os holofotes volta e meia iluminavam o clube.
Na falta da coisa melhor para dizer o dirigente apelou para os poderes proféticos e desandou, entre uma censura e outra no elenco, previsões de acontecimentos, muitos dos vascaínos acham bobagens, fruto do desepero do dirigente; não acho, pode ser que ele esteja fazendo leituras de Nostradamus na calada da noite e não é de nosso conhecimento, assim dou sem saber, credibilidade em suas doutas e proféticas palavras. Se está baseado em alguma coisa, não sei, mas garantiu:"O Vasco perdeu o jogo que podia".
Claro que houve falhas nestas profecias pois não foi capaz de detectar a ausência do jogador abandonando o cargo de técnico, mandando para as cucuias as solenidades previstas pelo dirigente. Até um novo advogado para tratar de assuntos de interesse do jogador foi contratado por Romário, entre uma audiência. e outra reclamou do departamento jurídico do clube, que segundo sua ótica não estava sendo eficaz.
Se é muito azar, não sei, mas houve uma previsão, mais do que isto uma certeza, uma convicção por parte do dirigente. Para quem está do outro lado ansioso por novidades, causa arrepios, ao ouvir pela voz do dirigente: "Não tenho nenhum problema em relação às eleições. Elas podem ser realizadas. E até afirmo mais. Pode realizar novas eleições, e a chapa que eu indicar ganha as eleições também. Não tem nenhum tipo de problema para o Conselho. Tenho que preservar o nome do Vasco. Os recursos têm que ser apresentados em todas as instâncias”, declarou ao repórter Rodrigo Campos, da Manchete Esportiva 1ª Edição, da Rádio Manchete.
O que vem a ser exatamente: "Tenho de preservar o nome do Vasco"? O dirigente sempre se arvorou montado em um discurso moralista como o único e zeloso guardião do clube, disposto a empunhar bandeiras da ordem, de higienização e de profilaxias para afastar intrusos, "estrangeiros" como Dinamite. Por esta via, que é a manutenção, prorrogação de mandato, preparo do herdeiro politico, oriundo da familia do dirigente com o intuito de preservar a hegemonia politca que vigora no clube da Colina. Reveste o discurso, sua retórica com a concepção beligerante com o sentido de dinamitar o jogador e craque Roberto Dinamite, nosso eterno ídolo, o depreciando, desvalorizando feitos realizados pelo jogador. O homem não quer largar o osso com se diz, reconheço que não é burro, é uma velha raposa e muito astucioso. Sempre propalou que nunca encontrou alguém que estivesse a sua altura para substituí-lo, acredita cegamente em ser o único com capacidade para administrar o clube. Lembro que se encontrasse alguém passaria de bom grado a administração do clube. Dentro de parâmetros bem subjetivos o espaço privilegiado com esta singularidade só poderia ser localizada no interior de sua família. Reconheço que o filho pode ser diferente do pai, no entanto, como o dirigente não permite espaços para inovações, a tendência seria de reproduzir em todos os aspectos o modo de exercer a administração feita pela figura paterna. Não haveria rupturas, o clube não correria riscos. Sempre reforça entre os seus pares a idéia de perigo, de caos em contrapartida com o sucesso, a eficácia, os títulos de outrora, o lado bom do Vasco, resultados de sua administração.
Bem, como sou um pouco cético, Dinamite, meu caro, você pode ganhar e não levar, o recado do dirigente foi dado. Abra bem os seus olhos. Olho vivo! Saudações vascaínas, até a vitória final.

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