sábado, 8 de março de 2008

O Sapo na Comunidade

Sapo acordou disposto, deu dois beijinhos em sua Perereca, que pelo horário ainda dormia um sono pesado, sem se incomodar com o barulho que o Sapo faz ao acordar. Quem já ouviu fica espantado, como foi o caso de uma rã que prestava serviço de limpeza no quarto do casal. Dizem que quando acorda, sem medo de estar feliz, corre para diante do espelho e fazer a pergunta que não quer calar: Espelho, espelho meu, neste momento sempre engasga, mas insiste com a pergunta: Se há no reino alguém do povo mais feliz do que eu? Aguarda por dois minutos e fica sempre sem a resposta do espelho, contrariado, mas feliz, dá inicio em seguida, uma série de longos espirros, vários saltos, esfrega seguidas vezes as mãos e passa a cantarolar: "O Sapo não lava o pé, não lava por que não quer" depois de tanto cantar e assobiar, é acompanhado pelo segurança para uma ligeira corrida em volta do jardim do Palacete. Telefona do celular para Mula Manca, pergunta sobre o Ministério, ela responde: Está tudo nos conformes, só então, em voz baixa, para não se ouvido, pergunta se ela ainda está com aquela energia toda, sem graça como sempre, diz sussurrando que ela está sempre elétrica. Sapo muito contente pela resposta que chega a dar um salto e pisar no pé do moleque franzino, filho de um dos seus irmãos batráquios, que vieram passar o fim de semana no Palacete e tomar banho no lago. Toda a familia unida em torno do lago, permanece feliz, que nem pinto no lixo..
O Sapo dispensou o café, atravessou o jardim pelo Ninho dos Pardais, uma passagem secreta. Ao caminhar encontra com o Bode Ludovico que lhe faz uma pergunta: Quanto é a metade de dois mais dois? Faz outra pergunta Bode, esta tá muito fácil que nem vou responder, Ludovico coça a barba, pigarreia e lança a pergunta seguinte. Sapo querido, você é meu irmão, só não responde se não quiser. "O rato roeu a roupa do rei de Roma e o rei de raiva roeu o rato". Quantos R têm nisto?
Querido bode, disse afagando a barbicha do Bode, nem vou lhe responder, tenho mais o que fazer estou com a agenda cheia, estão programados diversos encontros e desencontros para o dia de hoje. Vou inaugurar várias bicas no Morro dos Cabritos. Quero estar onde o povo está. Continuarei a expandir os buracos negros e valas. Para os animais idosos, cansados de guerra, oferecerei vagas e mais vagas cativas para trabalharem. Todos terão oportunidades em meu governo popular. Lembro muito bem de meus tempos de jovem sindicalista, onde na porta do Boteco do Vavá, em mesa farta, dito depois de várias goladas pelos camaradas dinossauros: "façam amor e não a guerra" que agora repito para os demais moradores desta comunidade que foram contempladas com o melhor plano de governo de todos os tempos. O tráfico na comunidade está liberado, o acesso as modernas carroças farão parte do nosso plano, qualquer morador poderá transitar pela comunidade sem medo de pagar mico, ou pedágio. Tudo será gratuito. Uma carroça da imprensa, estacionou junto ao meio-fio, na frente o Leão Marinho vinha acompanhado de dezenas de focas, prontas para fofocas, começaram a fotografar o evento. Olha o passarinho! Olha o passarinho!
Comigo, não tem mosquito, eles sabem que em governo de Sapo não dão rasantes. As abelhas operárias, ofereceremos pétalas de rosa, terão sem sombra de dúvidas um doce lar, perfumado sem o odor de esgoto estagnado que toma os ares das comunidades. De hoje em diante, quero avisar a quem estiver interessado e aos navegantes, de que todas as balas perdidas serão achadas e distribuídas para divertimento dos menores, que muitas vezes, nem bala para comer tem. Avisem ao formigueiro que vem aí tamanduá. Vamos acabar com esta trilha de animais que sobem a ladeira noite e dia em busca de farinha branca.
O caminho em que o Sapo ia passear e passar, não passaria boi, nem a boiada. Tudo foi interditado há mais de uma semana, em nome da segurança do Sapo, logo sendo o maior representante do povo da Floresta, todos animais se sentiriam com segurança para dar e vender. A pomba da paz permanecerá em seu pombal a serviço da comunidade, serão eternas vigilantes. O Sapo por instantes interrompe o discurso para olhar pelo buraco do muro, o que estava acontecendo do outro lado.
Do alto do morro, descendo a ladeira preso pela gola, Pituca, o gato de botas, meliante perigoso que estava em local desconhecido. Procurado por toda a cachorrada. Localizado após denúncia anônima. Pituca, antigo líder comunitário que deixou-se influenciar pela má companhia dos ratos e urubus, que de uns tempos para cá, passou a roubar ricos e pobres. Batalhador desde cedo, quando mal freqüentava a creche da comunidade para trabalhar e sustentar a grande familia de gatos famintos que moravam ao relento. Sem sardinha e leite, o desespero de Pituca era cada vez maior. Depois de crescido e pelas companhias, ao conhecer uma gataça em uma balada, sua vida mudou para melhor. Sua história foi contada para o Sapo por um desconhecido, muito sensibilizado, com lágrimas a percorrer a face, sua pele calejada e enrrugada desde os tempos em que foi sindicalista. Num coaxar só, abafado pelos cascos dos cavalos na platéia, do alto de um caixote, aos quatro ventos, após ouvir um poema recitado pela Borboletinha, acabou por terminar a visita, prometendo fazer mais pela comunidade, quando olhou para o alto, além do Ninho de Urubu, avistou um Ninho de Tucanos, do bico grande e boca aberta, doidos para tirarem proveito da solenidade. No entanto, do alto do lado esquerdo, em cima de uma laje, uma hiena ria muito da cena, chegava a dar cambalhotas.

*Imagem. E. Kimombo

2 comentários:

Lia Noronha disse...

Wilton: Ramom e ricardinho devem estar se deliciando nessa criativas histórias do avô,nao é mesmo?
Abraços mil!!!

ubriginstadros disse...

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