quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O Pato e a Galinha





Foi um escândalo o Pato surrou a Galinha, que andava aprontando e ciscando no terreiro alheio, acabou sobrando para o marreco que fazia companhia na hora em que chegavam tarde da noite, vindos de um passeio. Há muito tempo que o pato andava desconfiado. Onde você foi? Com quem estava? Um espiríto de porco falou para mim que você estava cacarejando com uma capivara na beira da lagoa. A galinha soluçando pediu desculpas pelo atraso, pois estava sem condução e pediu uma carona ao marreco, que prontamente atendeu. Somos amigos de infância,cacarejou bem alto. Um gavião espreitava à distancia, pois sondava o terreno. Estava doido para meter o bico e a colher nas brigas do casal; queria apenas dizer que: galinha que acompanha pato, morre afogada!

Cada vez o Pato ficava mais grilado. Era dia sim, dia não. Resolveu caminhar e em conversa com o gato, manifestou sua preocupação. Escute só meu velho amigo, espalham aos quatro ventos que minha companheira de longa data é uma verdadeira galinha. Não acredito! Não acredito! Grasnava irritado. O gato soltou uma gargalhada. Deixa disto pato, a sua companheira, realmente é uma galinha. Sem graça pela reação do gato, esboçou um leve sorriso e saiu de fininho sem entender o motivo da gargalhada do gato. O Pato cabisbaixo foi direto para a lagoa, precisava relaxar e nadar. O ganso que descansava de papo pro ar na grama, quando viu o Pato, foi logo perguntando pela galinha, sua companheira, ainda continua com ela? O Pato encucado respondeu com uma voz rouca. Ora ganso! Trata de sua vida, pois minha companheira continua sendo galinha e ninguém tem nada com isso. Vivo com quem eu quero! Não é por ser um pato que eu não posso namorar uma galinha.

Do alto de uma árvore o macaco sentado em um galho logo disse: Olha macacada espia quem vem andando? Vem lá o pato pateta, coçando a cabeça. Será que a dona galinha abandonou o pato? Escuta pato! Bom dia! O pato passou lentamente com o seu gingado e fingiu não escutar o chamado. Psiu! Psiu! Virando-se colocou uma das asas na cintura e indagou?

-Quem me chamou e o que quer?

-Sou eu, seu pato, daqui de cima do galho respondeu o macaco. Gostaria de saber, prendendo o riso. Como vai aquela galinha, sua namorada?

- Você conhece a minha namorada?

- Claro seu pato, e quem não conhece. Pode perguntar a qualquer um, ela é muito conhecida. Ela é muito dada. A risada foi geral entre a macacada. O Pato começou a ficar irritado.

- Escute aqui seu macaco de uma figa! Chegou a dar dois empurrões no macaco peludo, que estava a sua frente, zombando dele Uma confusão foi armada. Me solta, me solta grasnava o pato, enquanto era segurado por dois papagaios e um galo que passavam na hora da confusão.

- Me larga! Vou dar patadas e bicadas naquele macaco intrometido.

- Calma! Amigo Pato! O macaco perguntou pela galinha que anda com você, apenas, isto. Aquele macacão lá de trás disse que ela era uma galinha. Mas não é a galinha sua namorada? Sim, há muito tempo que ela é minha namorada. Os dois papagaios e o galo se despediram do pato. Tchau!

É verdade, pensou com os seus botões, a galinha é a minha namorada. Desistiu de continuar com a caminhada e voltou para casa. Pegou a chave no bolso, abriu a porta e foi logo perguntado pela galinha. Onde está você? Olhou para o poleiro, estava vazio. Não houve resposta, nenhum cacarejo. Tarde da noite o pato desperta com as batidas na porta. Quem é? Sou eu, a sua namorada, a galinha. Abriu a porta e entrou, deu dois beijos no pato e foi dormir.

*Dedico o texto em exposição aos meus netos, Ramom e Ricardo e a minha companheira Marilene.




Celso Githay: Artista plástico, grafiteiro com premiações internacionais e nacionais. Nascido em São Paulo, em 1968. Herdeiro da sensibilidade artísticas dos pais, João e Jurema. Celso nos anos 80, manifestou interesse pelo movimento Punk, estabelecendo contatos com as bandas Psycoses e Estado de Coma. Formado em artes plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Aproxima de vários artistas paulistanos que usam o graffiti como linguagem de comunicação nas áreas urbanas da cidade de São Paulo. Criou o projeto "Graffiti é legal, junto com o professor de ciências Hernani Facundo e o apoio da Secretaria Municipal de Educação. visando oferecer informações sobre a arte do pichador. Celso é bem atuante, produz textos, cursos, palestras e imagens para diversos suportes. Seu trabalho pode ser visto pela internet e em exposições espalhadas em nosso país e em páginas que acolhem artistas que trabalham com graffiti. Vale a pena conferir, é da melhor qualidade.

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